A Lojas Renner, fundada há 60 anos como uma spin-off do conglomerado gaúcho A. J. Renner, consolidou sua estratégia de crescimento e pretende atingir 950 unidades até 2030. O objetivo representa um aumento de 38% em relação ao número atual de lojas, incluindo marcas como Youcom, Ashua e Camicado, contrariando as previsões de declínio do varejo físico diante do avanço do e-commerce.
Expansão de lojas e aposta na experiência omnichannel
Quem lidera essa estratégia é o CEO Fabio Faccio, que assumiu a presidência da companhia em 2019, após passar duas décadas na empresa. Faccio destaca que, diferente de outros setores, a moda é uma categoria em que o cliente valoriza experimentar o produto pessoalmente. “A necessidade da experiência ‘omni’ faz com que o físico continue essencial, mesmo com o crescimento do online”, afirmou à coluna. Segundo ele, a abertura de lojas em cidades onde a Renner ainda não está instalada aumenta as vendas digitais em até 20%.
Plano de divulgação e investimentos
A companhia planeja realizar um Investor Day no terceiro trimestre para detalhar o cronograma de abertura das novas unidades. O executivo estima que 80% das lojas futuras estejam em cidades onde ainda não há presença da marca. Entre os investimentos previstos para este ano, estão R$ 850 milhões, majoritariamente destinados à implementação de inteligência artificial e inovação tecnológica, além da abertura de 15 a 20 lojas da marca Renner, 10 a 15 da Youcom e uma ou duas da Camicado.
Histórico e evolução da presença física da Renner
Com raízes que remontam a 1932, a primeira loja da Renner, na Avenida Otávio Rocha, em Porto Alegre, antecedeu a constituição formal da empresa em 1965. Fundada pelo empresário Antônio Jacob Renner, a rede virou sociedade anônima em 1965 e abriu o capital na Bolsa de Valores dois anos depois. Faccio lembra que, em julho, a companhia comemora também 20 anos como uma sociedade de capital aberto, o que marcou sua transformação na estrutura atual de corporation.
Controvérsia sobre o modelo de corporation
A Renner foi pioneira no Brasil ao adotar o modelo de corporation, com capital pulverizado na Bolsa, após a venda de 98% de sua participação pela J. C. Penney, em 1998. Desde então, esse formato ainda é alvo de debates, especialmente por sua implantação no Brasil, onde o conceito é relativamente novo e exige alta governança. “Embora o modelo de corporation funcione, sua aceitação no Brasil é desafiadora, pois exige postura de dono por parte do corpo executivo”, explica Faccio. Ele acrescenta que, apesar das turbulências macroeconômicas globais e nacionais, a perspectiva para a Renner permanece otimista.
Perspectivas para o futuro
De olho na tecnologia, a empresa deve investir parte significativa de seus recursos na ampliação de sua atuação digital e na abertura de novas lojas, principalmente em regiões ainda não exploradas. A estratégia busca fortalecer a presença física da marca, complementando o crescimento do comércio eletrônico e mantendo a relevância no mercado de moda.
Saiba mais sobre os planos da Renner e o futuro do varejo no artigo completo no O Globo.