Brasil, 11 de junho de 2025
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Interrogatório no STF revela detalhes sobre trama golpista

O ex-ajudante de ordens Mauro Cid confirma em depoimento no STF os planos golpistas de Jair Bolsonaro e a pressão sobre as Forças Armadas.

Na última segunda-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) ouviu o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, revelando detalhes alarmantes sobre a tentativa de golpe que ameaçou as instituições democráticas do Brasil. O depoimento, que já era esperado devido à gravidade das alegações, corroborou informações cruciais já recolhidas durante a investigação, em especial sobre a edição de um suposto documento golpista e as pressões exercidas sobre os militares para apoiar ações ilegais.

Revelações do depoimento de Cid

Cid confirmou, ao ser interrogado pelos ministros Alexandre de Moraes e Luiz Fux, e pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, que Bolsonaro teria editado uma minuta com propostas golpistas. Apesar de ter retirado nomes de outras autoridades, como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, a intenção de prender Moraes foi mantida, segundo o depoente.

“Bolsonaro não aceitava a derrota nas urnas e tentava encontrar indícios de fraudes”, relatou Cid durante o interrogatório. Ele detalhou um clima de pressão sobre os altos comandos das Forças Armadas, sugerindo que eles deveriam se alinhar ao plano golpista nos meses que antecederam a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.

A tensão entre Bolsonaro e as Forças Armadas

Cid também destacou que, apesar das pressões, figuras como o general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, se opuseram a quaisquer iniciativas de caráter golpista. “Eu sempre soube que nada iria acontecer porque conhecia o general Freire Gomes”, declarou Cid, enfatizando o caráter moderado do militar e seu compromisso com a democracia.

O ex-ajudante de ordens ainda mencionou que, mesmo em reuniões críticas, como uma diretamente com Bolsonaro, havia um clima de tentativa de busca por uma suposta fraude nas urnas eletrônicas. “A expectativa era que fosse encontrada uma fraude. Com isso, poderia se convencer as Forças Armadas a fazer alguma coisa”, explicou Cid, fazendo referência ao clima de incerteza que permeava o processo eleitoral.

Conexões com ações criminosas

Um dos pontos mais seríssimos do depoimento foi a afirmação de Cid de que recebeu uma quantidade em dinheiro de Braga Netto, o então Ministro da Defesa, em um esquema destinado a monitorar e capturar o ministro Alexandre de Moraes. Cid revelou que a quantia foi escondida em uma “caixa de vinho”, mencionando que a quantia lhe foi passada no Palácio da Alvorada, o centro do suposto plano golpista.

“Eu recebi o dinheiro do general Braga Netto no Palácio da Alvorada. Ele estava em uma caixa de vinho”, disse Cid, corroborando as alegações de investimento em ações que tentavam desestabilizar as instituições.

Esquiva em algumas situações

Durante o depoimento de mais de quatro horas, Cid demonstrou hesitação ao se aprofundar em determinados assuntos, levando os membros da Procuradoria-Geral da República (PGR) a afirmarem que ele foi evasivo em algumas respostas, especialmente em relação a detalhes já traçados em depoimentos anteriores.

Quando questionado sobre o registro fotográfico de uma minuta de decreto golpista, Cid negou ter conhecimento. “Não fui eu quem tirou a foto. Eu nem lembrava desse documento”, afirmou.

Continuação do processo no STF

O interrogatório de Cid faz parte de um processo mais amplo, que envolve outros réus e está sendo acompanhado de perto pela sociedade brasileira. Nos próximos dias, o STF ouvirá outros envolvidos no caso, incluindo Bolsonaro, que espera sustentar sua inocência frente às alegações de Cid.

A situação no Brasil continua tensa, com a população ansiosa por respostas sobre possíveis movimentos golpistas que ameaçaram a governabilidade e a democracia no último ano. O depoimento de Mauro Cid é um passo importante para esclarecer os fatos e responsabilizar eventuais infratores por suas ações.

Enquanto o país aguarda os próximos desdobramentos, a transparência dos processos judiciais e a continuação do acompanhamento das investigações são fundamentais para restaurar a confiança nas instituições democráticas.

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