No cenário político brasileiro, filhos e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro estão recorrendo ao apoio do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, durante o complexo julgamento sobre a tentativa de golpe que abalou o país. O ministro, que fez parte da Primeira Turma que julga o caso, esteve presente na primeira sessão de depoimentos e é visto como uma esperança por muitos apoiadores de Bolsonaro.
A presença de Fux no julgamento
Durante a primeira sessão do julgamento, Fux foi o único membro da Primeira Turma a comparecer in loco, ao lado de Alexandre de Moraes, relator do caso. A presença de Fux foi notada por seus seguidores, que tentam usar sua participação para reforçar sua narrativa de que o ex-presidente não estava diretamente envolvido na trama golpista. Essa é uma tentativa clara de dividir a opinião pública, ao colocar Fux em contraposição a Moraes, que é visto como mais rigoroso no julgamento.
Interrogatório de Mauro Cid
Na mesma sessão, o ex-ajudante de ordens da Presidência, tenente-coronel Mauro Cid, foi interrogado e sua resposta a uma das perguntas de Fux rapidamente ganhou destaque. Cid afirmou que a minuta destinada a abrir caminho para um golpe não foi assinada por Bolsonaro, afirmando que o ex-presidente tinha preocupações sobre sua própria participação no documento. O filho de Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, e o vereador Carlos Bolsonaro, compartilharam o corte da pergunta feita pelo ministro, acirrando o debate nas redes sociais.
Entretanto, essa narrativa enfrenta alguns desafios, uma vez que o foco central da acusação no julgamento é a tentativa de golpe em si, e não a falta de assinatura. A estratégia dos bolsonaristas em destacar Fux pode não ter o impacto desejado, já que Moraes e Fux demonstraram respeito mútuo durante a sessão, com Moraes chegando inclusive a agradecer a presença do colega.
Revelações complicadoras
As revelações durante o julgamento também trouxeram novos elementos que complicam a situação de Bolsonaro. Cid, no depoimento, revelou que o ex-presidente chegou a editar uma minuta que previa ações golpistas, mas retirou trechos que sugeriam a prisão de autoridades do Judiciário e do Legislativo, mantendo apenas Moraes como alvo a ser detido. Essas informações aumentaram a pressão sobre Bolsonaro e reacenderam debates sobre sua real responsabilidade nas tentativas de desestabilização do governo.
A esperança dos bolsonaristas em Fux
Desde que Fux manifestou certa flexibilidade ao lidar com punições e delações, os bolsonaristas começaram a vê-lo como uma possível voz dissonante na Primeira Turma. Eles acreditam que o ministro possa contornar as condenações e trazer um desfecho mais favorável para Bolsonaro. No entanto, as expectativas de dissidência de Fux, que muitos esperavam durante a sessão de interrogatórios, não se concretizaram. O ministro fez questionamentos pertinentes, mas sem desviasse do que Moraes já havia exposto.
Um futuro incerto
O desfecho deste julgamento promete ser impactante não apenas para Jair Bolsonaro, mas para todo o cenário político brasileiro. À medida que novas informações surgem e o debate público se intensifica, o papel de Fux se torna ainda mais crucial. Os bolsonaristas, que atualmente depositam suas esperanças no ministro, precisarão acompanhar de perto as próximas etapas desse processo, que pode redefinir as narrativas políticas e judiciais em curso no país.
Com um país dividido e a população atenta às decisões do STF, o desenrolar deste caso se mostra como um fator determinante para o futuro político de Jair Bolsonaro e de seus aliados.