Nesta terça-feira (10), o dólar opera em queda de 0,24%, cotado a R$ 5,5487 às 9h54, após fechar na véspera em R$ 5,5619, o menor patamar desde outubro. A bolsa de valores brasileira, o Ibovespa, também apresenta recuo de 0,30%, aos 135.669 pontos, refletindo a menor confiança dos investidores na economia nacional.
Influência dos dados econômicos e expectativas políticas
O mercado acompanha com atenção a divulgação do IPCA de maio, considerado a inflação oficial do país. O índice antecipado pelo IBGE apontou alta de 0,26%, abaixo das projeções do mercado, que estimavam aumento de 0,37%. Embora mais controlada, a inflação ainda deve ficar acima do teto da meta, de 4,5% ao ano, o que mantém a política de juros elevada, com a taxa Selic em 14,75%.
Segundo analistas, essa condição de juros altos desestimula o consumo e ajuda a conter o avanço da inflação, mas também aumenta a cautela dos investidores, que aguardam novas medidas do Ministério da Fazenda. O ministro Fernando Haddad planeja anunciar um pacote de reformas fiscais para compensar a provável revogação do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que prejudicou os mercados nas últimas semanas.
Economia brasileira enfrenta incertezas fiscais e políticas
As ações discutidas na equipe econômica incluem o fim da isenção de Imposto de Renda (IR) para títulos como LCI e LCA, além do aumento na taxação de apostas esportivas e o aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para bancos e fintechs. No entanto, as propostas ainda encontram resistência no mercado, que pede por uma discussão mais aprofundada sobre eficiência dos gastos públicos e reformas estruturais.
O governo também negocia a melhora de receitas fiscais para equilibrar as contas públicas, após um bloqueio de R$ 31,3 bilhões no orçamento de 2024. As discussões envolvem, ainda, a tentativa de evitar a revogação do decreto de aumento do IOF, que gerou forte reação negativa nos mercados na semana passada, levando a uma tentativa de negociação direta com o Congresso.
Negociações comerciais entre EUA e China movimentam o cenário internacional
No cenário externo, investidores acompanham o segundo dia de negociações entre Estados Unidos e China, que ocorrem em Londres, para discutir tarifas de importação e a retomada das negociações comerciais. Os representantes das duas maiores economias do mundo trabalham para evitar uma guerra tarifária mais intensa, que poderia prejudicar a recuperação econômica global.
Howard Lutnick, secretário do Comércio dos EUA, declarou a repórteres que as negociações estão avançando bem e se estenderão ao longo do dia. A reunião envolve também discussões sobre o acesso a minerais estratégicos, essenciais para a indústria tecnológica. A expectativa é que dificuldades nas conversas possam impactar os mercados financeiros internacionais, incluindo o Brasil, diante do risco de desaceleração global.
Perspectivas do mercado e riscos à economia brasileira
De acordo com o relatório “Focus”, divulgado pelo Banco Central nesta semana, a estimativa de inflação para o próximo ano permanece em 5,44%. Caso se confirme, a política de juros elevadas continuará, buscando evitar que a inflação exceda o teto da meta. O cenário de incerteza política, fiscal e internacional mantém o real vulnerável e aumenta a cautela dos investidores diante das próximas decisões do governo e do mercado financeiro.
Enquanto isso, o dólar acumula queda de 0,14% na semana, com uma retração de 2,73% no mês e uma queda de 10% no ano. Já o Ibovespa registra avanço de 12,82% no acumulado do período, apesar da oscilação de hoje. A continuidade desse movimento dependerá da evolução dos fatores domésticos e internacionais e do radar de riscos que tende a se intensificar até o fim do ano.
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