O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite (PL), fez uma declaração importante durante a formatura de novos policiais militares nesta terça-feira (10), no Autódromo de Interlagos. Ele manifestou o desejo de deixar o cargo até dezembro deste ano para participar ativamente das discussões sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública na Câmara dos Deputados. Essa mudança visa possibilitar sua candidatura ao Senado em 2026, uma vez que ele precisará se desincompatibilizar até abril do próximo ano, conforme a legislação eleitoral.
Derrite e os desafios da segurança pública
Após a formatura, o secretário atendeu à imprensa e falou sobre sua proposta de antecipar a saída. Ele destacou que a intenção de deixar o cargo é mais uma questão pessoal do que uma insatisfação com seu trabalho. Em vídeos divulgados nas redes sociais, Derrite havia negado que sua saída estivesse vinculada a um descontentamento do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em relação à sua atuação.
“Foi uma possibilidade que eu mesmo aventei [sugeri], mas mais por uma questão pessoal do que de trabalho. Mas o que o governador Tarcísio definir e se for pedido dele pra eu ficar até o final [de março], eu vou ficar sem problema nenhum”, afirmou o secretário durante a cerimônia.
A PEC da Segurança Pública
Derrite também argumentou sobre sua importância no debate da PEC, afirmando ter muito a contribuir como deputado federal eleito por conta de sua experiência à frente da Secretaria de Segurança Pública. “Acho que tenho muito que colaborar lá [na Câmara dos Deputados], por ser parlamentar, pelo tempo e pela legitimidade de estar aqui na maior Secretaria da Segurança Pública do país”, declarou. Ele acredita que sua presença em Brasília poderá fomentar discussões cruciais para a segurança pública.
Reações e indicadores de segurança
Apesar da proposta de Derrite, o governador Tarcísio de Freitas demonstrou satisfação com o desempenho do secretário, especialmente em relação à queda constante dos índices criminais na capital paulista. Durante entrevista, Tarcísio se referiu a Derrite como um funcionário exemplar, enfatizando que se depender dele, o secretário poderá permanecer até o final do período de desincompatibilização.
“Eu tenho um grande apreço, um grande reconhecimento ao trabalho que o Derrite está fazendo. A gente tem visto os indicadores criminais caindo constantemente. O trabalho que está sendo feito no centro de São Paulo é irrepreensível”, afirmou o governador.
O aumento da violência policial
No entanto, o clima em torno da segurança pública em São Paulo é tenso devido ao aumento de casos de violência policial. Dados do Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial, do Ministério Público, mostram que as mortes causadas por policiais militares cresceram 65% em 2024, em comparação com 2023. Essa realidade levanta questionamentos sobre a atuação da polícia e as circunstâncias em que esses incidentes ocorreram.
Questionado sobre essas mortes, Tarcísio defendeu que a polícia deve evitar confrontos, mas tenha o direito de se defender quando necessário. “A Polícia Militar evita o confronto de todas as formas. A gente não quer o confronto, a gente quer a paz, quer garantir a paz”, afirmou o governador. A declaração evidencia um desafio significativo na abordagem da segurança pública, em um momento onde as críticas à atuação policial ganham força.
Perspectivas para o futuro
Com a possibilidade de sair do cargo em dezembro, Derrite busca também posicionar-se como um protagonista das discussões sobre a PEC da Segurança Pública em Brasília. Isso pode não apenas ajudar em sua candidatura ao Senado, mas também influenciar o futuro da segurança pública no estado. A adequação às demandas emergentes da sociedade é uma prioridade para Derrite, que pretende canalizar suas experiências como secretário para um debate mais amplo e eficaz na esfera federal.
A situação continua evoluindo, e a comunidade aguarda o desfecho das discussões políticas e sua repercussão na segurança da população. A decisão de Derrite poderá ser um divisor de águas, tanto para sua carreira política quanto para as estratégias de segurança pública no Brasil.
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