Brasil, 11 de junho de 2025
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Depoimento de Mauro Cid levanta contradições e questionamentos sobre atos golpistas

O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, depõe e apresenta novos detalhes sobre os eventos de 8 de janeiro.

Em um dia repleto de tensão no Supremo Tribunal Federal (STF), a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro buscou ontem desqualificar o depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, um dos principais envolvidos nas investigações sobre os atos golpistas de 8 de janeiro. Como réu delator, Cid apresentou uma série de contradições que, segundo sua defesa, não o vinculam às ações promovidas naquele dia histórico.

As declarações de Mauro Cid

Interrogado pelo advogado Celso Vilardi, Cid afirmou que não tinha conhecimento prévio sobre os eventos de 8 de janeiro. Ele ainda alegou que Bolsonaro frequentemente afirmava que “não agiria fora das quatro linhas da Constituição” à medida que os rumores sobre um suposto plano golpista ganhavam força no final de 2022. Esta afirmação está diretamente ligada às investigações da Procuradoria-Geral da República (PGR), que alegam que uma trama golpista estava sendo articulada neste período.

Durante o depoimento, um dos pontos ressaltados por Vilardi foi a suposta mobilização de acampamentos golpistas diante dos quartéis. Cid respondeu que Bolsonaro não tinha incentivado diretamente essas ações, embora não tenha desestimulado a radicalização dos manifestantes. “Ele disse, ‘não fui eu que chamei eles aqui, não sou eu que vou mandar embora’”, relatou Cid.

Contradições e a busca por explicações

O interrogatório continuou a explorar as inconsistências nas declarações de Cid. Ele negou ter falado sobre a existência de uma “minuta” que delineasse um plano golpista, apesar de informações contraditórias apresentadas durante o processo. Além disso, Cid foi questionado sobre um áudio onde ele sugere que Bolsonaro “desistiu de qualquer ação mais contundente” no fim de 2022. Em outro trecho da gravação, Cid menciona uma conversa entre Bolsonaro e o general Pazuello, onde este último teria sugerido possíveis ações em relação ao artigo 142, algo que Cid diz que foi ignorado pelo ex-presidente.

O misterioso perfil nas redes sociais e os desdobramentos

Vilardi também abordou a questão do perfil “gabrielar702”, insinuando que Cid poderia ter conversado sobre seu acordo de delação por meio dele. Cid negou essa possibilidade, dizendo que “Gabriela” é o nome de sua esposa e que não se comunicou com ninguém nas redes sociais desde que todos os seus telefones foram apreendidos pela Polícia Federal. As investigações indicam que a figura central, Mauro Cid, é crucial para entender a dinâmica e os possíveis objetivos militares da operação.

Conforme o depoimento prosseguia, José Luis de Oliveira Lima, representante de Braga Netto, questionou Cid sobre o atraso em relatar a entrega de dinheiro em uma caixa de vinho, uma suposta quantia arrecadada para “neutralizar” o ministro Alexandre de Moraes, do STF. Cid justificou que considerava aquele um ato normal de auxílio aos acampados, apesar do contexto delicado que cercava as manifestações em frente aos quartéis.

Reações e implicações da audiência

A audiência gerou reações diversas entre as partes, com Cid buscando apresentar seus relatos como desabafos, mas afirmando que seus depoimentos eram prestados de forma voluntária. A defesa do ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, também questionou a participação de Garnier no círculo dos “radicais”, e Cid confirmou que sua categorização foi subjetiva, sem um estudo formal.

O desfecho deste interrogatório ainda promete repercussões significativas nas investigações em curso, especialmente quanto à participação de figuras proeminentes no episódio de 8 de janeiro, que resultou em instabilidade política e institucional no Brasil. A divisão de opiniões e forças dentro das Forças Armadas, bem como a influência de Bolsonaro, continuam a ser pontos centrais de análise enquanto o Brasil avança na busca por verdades em meio a um cenário tão conturbado.

Assim, conforme as investigações avançam e mais detalhes sobre a trama se tornam públicos, a sociedade brasileira permanece atenta, buscando entender o verdadeiro alcance e as implicações dos eventos que marcarão a história do país. A conexão entre as decisões de figuras de destaque como Cid e Bolsonaro poderá, de fato, esclarecer o que ocorreu em um dos dias mais críticos da história recente do Brasil.

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