O cardeal Fridolin Ambongo, arcebispo de Kinshasa na República Democrática do Congo, pediu ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que restabeleça a assistência internacional ao continente africano. A solicitação foi feita em um artigo publicado no Wall Street Journal em 8 de junho de 2025.
Relação estratégica e valores culturais
Ambongo destacou a importância da ajuda humanitária dos Estados Unidos para a África, considerando-a não apenas estratégica, mas também moral. Segundo ele, a ajuda do USAID tem transformado vidas na região e contribuído para evitar crises políticas e econômicas que ameaçam o desenvolvimento africano.
“A assistência direcionada à África é urgentemente necessária, moralmente correta e de grande valor estratégico para os EUA”, afirmou o cardeal, enfatizando que a relação entre ambos os lados pode ser benéfica para o equilíbrio global.
Recursos naturais e juventude empreendedora
Ambongo ressaltou que os recursos naturais abundantes e a juventude empreendedora do continente representam ativos essenciais para os interesses dos Estados Unidos. Ele salientou que a presença americana na África, por meio de ajuda e investimentos, fortalece a influência econômica dos EUA na região.
“A ajuda dos EUA tem ajudado a construir uma sociedade mais sólida e a evitar crises que poderiam gerar conflitos”, declarou o cardeal, reforçando a importância de manter esse vínculo.
Consequências do congelamento de ajuda
O arcebispo afirmou que a suspensão de auxílio à África tem transformado o continente em um alvo de conflitos relacionados à disputa por recursos naturais essenciais às tecnologias modernas. Ele também destacou a persistência da fome e da pobreza em várias regiões africanas, agravadas pelo apagamento da assistência internacional.
“Se os EUA abandonarem a ajuda, adversários como China, Rússia, Irã e Coreia do Norte irão preencher esse vácuo”, alertou Ambongo, reforçando que a ausência de apoio pode ampliar o papel de potências que não compartilham valores ocidentais.
Respeito às culturas africanas e limites da ajuda
O cardeal alertou que não é tarde para reverter essa tendência e propôs uma parceria que respeite as especificidades culturais da África. Ele criticou o condicionamento da ajuda a questões ideológicas, como o aborto ou o controle populacional, que muitas vezes não condizem com valores culturais locais.
“Respeitar a cultura africana é fundamental para uma ajuda humanitária efetiva e ética”, afirmou Ambongo. “A colonização cultural não deve fazer parte dessa parceria.”
Críticas às ações do governo dos EUA
O apelo de Ambongo ocorre após o anúncio do Departamento de Estado dos EUA de planos para destruir um estoque de contraceptivos artificiais destinados a países em desenvolvimento, o que promove uma discussão sobre a política de saúde reprodutiva e as intervenções altruístas no continente.
Ele pediu que Trump reavalie a decisão e reforce o apoio ao continente, destacando o papel de bispos, sacerdotes e leigos africanos na busca por uma ajuda mais ética e eficiente. Leia a matéria completa.
Expectativas de diálogo e cooperação futura
Ambongo concluiu afirmando a disposição de associações africanas para trabalhar junto com Washington na utilização responsável dos recursos aidados, buscando evitar fraudes e má gestão. “O que está em jogo é o bem-estar de povos africanos, bem como a influência positiva dos EUA na região”, finalizou.