Brasil, 12 de junho de 2025
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Câmara dos Deputados aprova revogação de artigos da CLT

Câmara aprova projeto que permite cancelamento digital da contribuição sindical, gerando críticas sobre a fragilização dos sindicatos.

A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (10) um projeto de Lei (PL) 1663/2023 que revoga artigos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) considerados desatualizados. A proposta, que agora segue para análise no Senado, visa implementar mecanismos digitais para o cancelamento da contribuição sindical, facilitando o processo para os trabalhadores.

O que muda com a nova proposta

Pela nova regulamentação, os trabalhadores poderão cancelar suas contribuições sindicais de forma digital por meio de portais ou aplicativos oficiais do Governo Federal, como o “gov.br”. Além disso, os sindicatos poderão criar suas próprias plataformas digitais, desde que sigam os critérios de segurança estabelecidos por regulamentação específica. Também será permitido o cancelamento via aplicativos autorizados a oferecer serviços de autenticação digital e por meio do envio de e-mail diretamente ao sindicato responsável.

No entanto, a mudança gerou reações adversas entre os representantes da classe trabalhadora. O deputado Hélder Salomão (PT-ES) criticou a medida, afirmando que ela tem o objetivo de fragilizar as organizações sindicais e a luta dos trabalhadores no Brasil.

“Isso só serve para aqueles que querem voltar ao tempo do trabalho escravo, quando os trabalhadores não podiam se unir para reivindicar os seus direitos. Isso tem o objetivo de fragilizar a luta dos trabalhadores que são massacrados e explorados no nosso país”, criticou.

Críticas e justificativas

O cancelamento da contribuição sindical foi aprovado com uma emenda do deputado Rodrigo Valadares (União-SE), que destacou a reforma trabalhista de 2017, a qual já havia tornado facultativo o pagamento da contribuição, dependendo da autorização expressa do trabalhador.

“A digitalização dos processos administrativos tem se mostrado uma solução eficaz para reduzir a burocracia e aumentar a eficiência das relações entre o cidadão e as instituições”, justificou Valadares.

Mudanças adicionais na CLT

Além do cancelamento digital da contribuição, a proposta aprovada revoga outros artigos relevantes da CLT relacionados à organização sindical. Isso inclui a criação de sindicatos em distritos, a definição da base territorial das entidades pelo Ministério do Trabalho, bem como a necessidade de autorização do ministério para a criação de sindicatos nacionais. Além disso, foram eliminadas regulações que exigiam a definição de aspectos como a duração do mandato da diretoria e a realização de assembleias com pelo menos um terço da categoria para o registro sindical.

As atribuições das juntas de conciliação, que foram extintas, atualmente estão transferidas para as varas trabalhistas, marcando uma mudança significativa na forma como as questões trabalhistas serão tratadas judicialmente.

Consequências e o futuro da representação trabalhista

Com essas mudanças, muitas perguntas surgem sobre o futuro da representação sindical no Brasil e a capacidade dos sindicatos em defender os direitos dos trabalhadores. A digitalização do cancelamento da contribuição sindical pode parecer uma modernização, mas para críticos, ela pode representar um golpe contra a organização dos trabalhadores.

Enquanto a proposta segue para o Senado, debates sobre a proteção dos direitos trabalhistas e a importância das entidades sindicais se intensificam, deixando claro que essa discussão ainda está longe de ser encerrada.

Em tempos de mudança, a vigilância e a mobilização da classe trabalhadora se fazem mais necessárias do que nunca para garantir que os direitos conquistados não sejam facilmente desmantelados.

O desenvolvimento dos próximos meses será crucial para o futuro da legislação trabalhista no Brasil e o papel que os sindicatos desempenharão na defesa dos interesses dos trabalhadores.

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