Na manhã de terça-feira (10), Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública, prestou depoimento à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre sua suposta participação na trama golpista que resultou nos eventos de 8 de janeiro de 2023. Durante o interrogatório, Torres negou ter extraviado seu celular com a intenção de obstruir a investigação, afirmando que perdeu o aparelho devido ao estresse causado pela ordem de prisão que soube enquanto estava fora do Brasil.
A defesa de Anderson Torres
Anderson Torres foi o quarto réu do chamado “núcleo crucial” da trama a ser interrogado. O ministro Alexandre de Moraes questionou Torres sobre os motivos do suposto extravio do celular. O ex-ministro se defendeu, alegando que a perda ocorreu enquanto ele estava em férias na Disney com sua família. “Eu perdi meu telefone e naquele momento, o mais duro da minha vida, em meio a três crianças pequenas, após saber da minha prisão, eu fiquei transtornado”, relatou Torres.
Ele ainda explicou que estava em viagem aos Estados Unidos quando a ordem de prisão foi emitida. “Perdi o equilíbrio. A realização de um sonho das crianças se tornou um pesadelo pra mim. Perdi o celular e também algumas economias que tinha em dólares”, declarou.
Viagem programada e protocolos de segurança
Torres afirmou que a viagem à Disney era planejada desde 2022, tendo as passagens sido compradas em novembro, antes dos eventos que levaram à sua prisão. “Eu me preparei para essa viagem, que estava agendada para julho de 2022, mas devido à sobrecarga de trabalho, não consegui realizar naquele período.” Ele enfatizou que não houve coincidência temporal entre a viagem e a prisão.
Em relação à segurança durante sua ausência, Torres admitiu que havia deixado protocolos prontos, mas reconheceu que houve uma falha grave em sua execução no dia dos ataques a Brasília. “Houve uma falha muito grave no cumprimento do protocolo que estabeleci. Eu fui surpreendido por isso”, disse.
A preocupação com os eventos de 8 de janeiro
O ex-ministro revelou que fez várias ligações para tentar entender a situação enquanto estava distante. “Liguei diversas vezes para o comandante da Polícia Militar do DF e perguntei o que aconteceu, além de ter me comunicado com o governador e o procurador de justiça”, explicou. A declaração indica uma preocupação genuína em relação ao que ocorreu durante os ataques às sedes dos Três Poderes.
Torres frisou que, antes de viajar, seu plano era garantir a segurança do Distrito Federal. “Do jeito que deixei, era impensável que isso acontecesse. Fiquei desesperado com o que ocorreu”, disse, enfatizando seu desespero ao saber da situação no Brasil enquanto estava no exterior.
Implicações para a defesa e o futuro político de Torres
O depoimento de Anderson Torres se insere em um contexto maior de investigações e processos relacionados aos eventos de 8 de janeiro, que têm sido foco de atenção nacional e internacional. As alegações e o comportamento de Torres são observados de perto por especialistas e pelo público, uma vez que seu futuro político e legal está em jogo.
Com seu depoimento, Torres tenta apresentar uma defesa que possa mitigar as consequências de suas ações e a imagem que o público tem dele. A maneira como o sistema de justiça trata este caso pode definir não só o destino de Torres, mas também estabelecer precedentes importantes para outras figuras políticas envolvidas em casos similares.
O desdobramento deste caso ainda está longe de ser resolvido, e a sociedade aguarda ansiosamente os resultados das investigações e os próximos passos da justiça.
As implicações políticas e sociais do que aconteceu em 8 de janeiro são profundas, e a participação de figuras como Anderson Torres nesse contexto é fundamental para entender a crise política que o Brasil enfrenta atualmente.