Mais de três décadas antes do presidente Donald Trump enviar a Guarda Nacional a Los Angeles para conter protestos contra a imigração, outra autoridade presidencial também acionou as forças armadas na mesma cidade. No entanto, as circunstâncias de então e de agora são bastante distintas.
O contexto de 1992 e o desembarque da Guarda Nacional
Em 1992, o presidente George H.W. Bush mobilizou a Guarda Nacional de Califórnia a pedido do governador Pete Wilson e do prefeito Tom Bradley, após dias de violência que se seguiram à absolvição de quatro policiais acusados de agressão contra Rodney King, um homem negro desarmado.
Durante vários dias, a cidade viveu uma onda de distúrbios, com mais de 60 mortes, 2.000 feridos, e danos em mais de mil edifícios, totalizando cerca de US$ 1 bilhão em prejuízos. Bush utilizou o Insurrection Act, uma lei que autoriza o presidente a enviar forças militares em situações de invasão ou insurreição, na terceira noite de tumultos.
Diferenças na mobilização de 2024
Nos protestos atuais contra ações do ICE (Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA), os danos são menores em comparação com os distúrbios de 1992. O que diferencia a ação do presidente Donald Trump é que ele enviou a Guarda Nacional a Los Angeles sem a autorização do governador de Califórnia, Gavin Newsom, algo inédito em seis décadas.
Contexto político e legal
Na época, a mobilização ocorreu a pedido de autoridades estaduais e locais, com a concordância do governador, enquanto agora o movimento foi realizado contra a vontade do chefe do Executivo estadual. Essa decisão levanta questionamentos sobre o uso de força militar sem o aval de autoridades locais, além de refletir o clima de tensões políticas e de segurança em diferentes épocas.
Impacto e perspectivas futuras
A resposta de 1992 resultou em uma ação coordenada e respaldada legalmente, enquanto a de 2024 revela uma abordagem mais unilateral do governo federal. Especialistas observam que a diferença de contexto, escala dos danos e a autorização legal configuram uma mudança importante na utilização da força militar em episódios de crise urbana.
Segundo analistas, o uso da Guarda Nacional sem autorização estadual pode estabelecer um precedente nas futuras intervenções em situações de protestos e distúrbios civis.