Na próxima semana, a Conferência Batista do Sul (Southern Baptist Convention), a maior denominação protestante dos Estados Unidos, se reunirá em Dallas com a intenção de aprovar resoluções que pedem a proibição legal da pornografia e a reversão da decisão da Suprema Corte dos EUA sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Estas propostas refletem um alinhamento com valores conservadores, representando as preocupações de uma parte significativa da denominação.
Demandas por leis relativas à moralidade e à família
As resoluções em discussão demandam que legisladores adotem leis sobre gênero, casamento e família baseadas no que os batistas consideram a ordem divina de criação, conforme escrito nas escrituras. Além disso, incentivam que as políticas públicas promovam o aumento da natalidade e limitem as apostas esportivas, vistas como prejudiciais.
Durante a reunião, agendada para terça e quarta-feira, a convenção também deve debater questões controversas internas, como uma proposta para banir igrejas que tenham pastores mulheres. Há demandas para desfinanciar o braço de políticas públicas da organização, que, embora oppose ao aborto, não fez esforços para criminalizar mulheres que realizam abortos.
A convenção ocorre em um contexto onde o apoio ao ex-presidente Donald Trump é forte, mas pouco é mencionado sobre ações específicas do presidente desde que assumiu o cargo em áreas como tarifas e imigração. Essa omissão sugere que o foco permanece nas questões teológicas e morais em vez de nas políticas atuais do governo.
Quarenta anos desde o grande confronto em Dallas
Este encontro marca o 40º aniversário de uma reunião histórica onde 45.000 representantes se reuniram, culminando em uma mudança decisiva para uma facção mais conservadora que tomou o controle da convenção e suas instituições educacionais. Albert Mohler, presidente do Seminário Teológico Batista do Sul, sugere que a reunião de 1985 foi um ponto de virada crucial na política da denominação.
A participação esperada nesta semana é modesta perto daquela reunião histórica, mas os debates devem ocorrer entre membros solidamente conservadores, refletindo posições tradicionais sobre tópicos como jogo, pornografia e sexualidade.
Posições batistas ganham viabilidade política
As propostas em discussão não são novas, mas se tornam particularmente relevantes em um momento em que a direita política dos EUA domina Washington. Algumas dessas vozes, incluindo o presidente da Câmara, Mike Johnson, têm ressoado com uma agenda nacionalista cristã.
Assim, algumas propostas pedem a proibição da pornografia e a limitação das apostas esportivas, com argumentos que agora encontram ressonância em um ambiente político que favorece a moralidade conservadora e o legislador que deve legislar sobre questões éticas.
Debates sobre a comissão de ética e liberdade religiosa
Alguns rumores antes da convenção indicam a possibilidade de desfinanciar a Comissão de Ética e Liberdade Religiosa da convenção, acusada de ineficiência. Embora dez ex-presidentes da denominação tenham apoiado seu financiamento, há divisões internas sobre a eficácia e a direção dessa comissão, especialmente no que tange ao debate sobre a criminalização do aborto.
O presidente da comissão, Brent Leatherwood, fez um apelo ao apoio, destacando a importância da voz dos batistas no espaço público em tempos que demandam uma defesa robusta da liberdade religiosa e dos valores batistas.
Propostas para limitar mulheres no sacerdócio
Uma emenda para banir igrejas com pastores mulheres tem enfrentado resistência, não conseguindo a maioria necessária em anos anteriores. Essa proposta sugere um retrocesso nas discussões sobre igualdade de gênero dentro da denominação, destacando as visões divergentes sobre o papel do pastorado feminino.
A reunião ocorre em um contexto de declínio contínuo na adesão à denominação, que registrou uma queda de 2% em 2024, mas apresenta sinais de recuperação nas taxas de batismo, que superaram os níveis pré-pandemia.
A Conferência Batista do Sul, enquanto enfrenta seus desafios, continua a ser a maior congregação protestante dos EUA, com 12,7 milhões de membros, embora enfrente um futuro incerto em um cenário religioso em rápida mudança.