Brasil, 9 de junho de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Projeto de lei no Senado pode liberar venda de remédios sem receita

Proposta tramita no Senado e pode impactar quase 90% das farmácias do Piauí, gerando preocupações sobre automedicação.

Um projeto de lei que atualmente tramita no Senado Federal tem gerado uma onda de preocupações entre farmacêuticos e proprietários de farmácias independentes. A proposta visa permitir a venda de medicamentos sem a necessidade de receita médica em supermercados. A Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico (Abcfarma) estima que quase 90% das farmácias do Piauí possam ser afetadas por essa legislação, particularmente aquelas administradas por famílias e de pequeno a médio porte.

Impacto nas farmácias independentes

Segundo dados da Abcfarma, o Piauí possui cerca de 1.716 farmácias independentes, o que representa aproximadamente 86,9% do total de estabelecimentos do tipo no Brasil. Esses negócios são vitais para a economia local, gerando cerca de 14 mil empregos no estado. A Associação alerta que a possível aprovação do Projeto de Lei 2158/2023, proposto pelo senador Efraim Filho (União Brasil-PB), poderá acelerar o fechamento das farmácias independentes.

Com menos competição no mercado, as farmácias menores poderiam enfrentar uma pressão ainda maior para sobreviver. A Abcfarma destaca que a venda de medicamentos sem prescrição representa 19% do faturamento das farmácias no Piauí, especialmente aquelas localizadas em bairros periféricos e áreas mais rurais.

Risco de automedicação

Outro ponto alarmante levantado pela Abcfarma está relacionado à automedicação. Com o aumento do acesso a medicamentos sem orientação adequada, a associação teme que mais pessoas recorram à automedicação, o que poderia levar a consequências graves. Dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) indicam que aproximadamente 18% das mortes por envenenamento no Brasil são atribuídas a práticas de automedicação.

Além disso, uma pesquisa conduzida pelo Hospital Israelita Albert Einstein revelou que 22,2% dos brasileiros tiveram acesso a medicamentos sem a recomendação de um médico ou farmacêutico, com um número significativo de indivíduos sem plano de saúde, que muitas vezes não têm acompanhamento profissional para suas condições de saúde. A situação é ainda mais preocupante entre a população idosa, onde 80,6% dos entrevistados relataram usar medicamentos inadequados.

Regulamentação e a atuação do farmacêutico

Apesar das preocupações, o projeto de lei prevê que redes de supermercados seriam obrigadas a ter a presença de um farmacêutico habilitado pelos Conselhos Regionais de Farmácia (CRFs) para orientar os consumidores na hora da compra. Entretanto, a eficácia dessa medida para garantir a segurança dos usuários ainda é questionada por muitos especialistas.

Atualmente, o PL 2158/2023 espera por uma audiência pública que está pendente desde 28 de maio de 2025. O projeto se encontra na Comissão de Assuntos Sociais do Senado e o senador Humberto Costa (PT-PE) é o relator. Durante essa audiência, os membros da comissão devem ouvir especialistas e representantes civis para fundamentar suas decisões.

Posicionamento dos senadores do Piauí

O g1 também procurou respostas sobre a posição dos senadores do Piauí — Ciro Nogueira (Progressistas), Jussara Lima (PSD) e Marcelo Castro (MDB) — em relação ao projeto de lei, mas ainda aguarda retorno. A reação deles pode ser um indicativo importante para o futuro da proposta.

Enquanto isso, a sociedade civil e os profissionais da saúde continuam a expressar suas opiniões sobre a questão, enfatizando a importância de uma abordagem cautelosa e a consideração dos riscos envolvidos na automedicação. O debate ainda está longe de ser encerrado, e o futuro das farmácias independentes e da saúde pública pode depender das próximas decisões do Congresso.

A seguir, as partes interessadas e os cidadãos devem continuar a acompanhar o desenrolar desse assunto, uma vez que ele pode afetar diretamente o sistema de saúde e a qualidade de vida dos brasileiros, especialmente dos mais vulneráveis.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes