O Piauí se posiciona como protagonista no mercado de economia verde ao iniciar a construção da maior usina de hidrogênio verde do planeta. A obra, executada pela multinacional espanhola Solatio Energia Livre, começou há uma semana a supressão vegetal e limpeza de 154 hectares dentro da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) Piauí, em Parnaíba, no litoral do estado. Essa fase inicial deve gerar mais de 2 mil empregos diretos e é um marco no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis no Brasil.
A importância do projeto para o Piauí
Com um investimento inicial de R$ 27 bilhões, o projeto é pioneiro em escala industrial no mundo e consolida o Piauí como um dos territórios mais promissores na cadeia global de combustíveis limpos. A usina terá a capacidade de produzir 400 mil toneladas de hidrogênio verde e 2,2 milhões de toneladas de amônia verde por ano, atendendo à crescente demanda por alternativas energéticas sustentáveis, especialmente na Europa.
A limpeza do terreno deve durar de cinco a sete meses, seguindo normas de proteção ambiental para preservar a fauna local. O governador do Piauí, Rafael Fonteles, ressaltou a importância dessa iniciativa para o estado. “O que o Piauí está fazendo aqui impacta o mundo. Trata-se de um marco na transição energética global, com geração de empregos, renda e desenvolvimento regional”, disse o gestor.
Recursos naturais do Piauí como diferencial
A escolha do Piauí para sediar essa obra histórica está relacionada à abundância de recursos naturais, como água no subsolo e energia renovável gerada na região. Júnior Fonseca, diretor de projetos da Solatio, destacou que a localização do estado, somada a um compromisso governamental com investimentos em energias renováveis, posiciona o Piauí como uma referência na produção de hidrogênio verde.
Impacto econômico e geração de empregos
O impacto regional será significativo. A primeira fase da obra deve gerar 2,3 mil empregos diretos até 2031, além de centenas de postos qualificados na operação permanente da planta. A previsão é que engenheiros, técnicos e especialistas estejam entre os profissionais mais demandados, impulsionando o mercado de serviços em Parnaíba e suas redondezas.
O projeto também deve atrair novas indústrias, incluindo fábricas de fertilizantes e aço verde, cuja procura está aumentando no mercado internacional. Ricardo Castelo, vice-presidente da Agência de Atração de Investimentos Estratégicos do Piauí (Investe Piauí), mencionou que o Piauí se tornará um mercado estratégico, especialmente para a indústria de fertilizantes, que atualmente depende da importação.
Considerações ambientais e legais
As obras estão sendo realizadas com rígido protocolo ambiental. A limpeza do terreno é monitorada por uma equipe de especialistas, incluindo engenheiros, biólogos e veterinários, salvaguardando a fauna e a flora locais. Medidas de proteção incluem a interrupção imediata das atividades em caso de identificação de ninhos ou tocas de animais.
O compromisso ambiental da Solatio é parte essenciais do projeto, que também inclui a recomposição da vegetação nativa através de viveiros para mudas.
Uma transformação econômica sem precedentes
O investimento da Solatio representa cerca de um terço do Produto Interno Bruto (PIB) do Piauí, estimado em R$ 72,8 bilhões. Essa movimentação econômica poderá reconfigurar a história do estado e ajudar a impulsionar sua economia a novos patamares.
O hidrogênio verde (H2V), produzido por eletrólise da água usando energia renovável, promete ser uma solução inovadora para a transição energética. Apesar dos desafios de produção e infraestrutura, o Piauí se destaca por suas condições adequadas e apoio do governo local.
Piauí no cenário internacional de energias renováveis
A recente realização da Brazil Energy Conference 2025 em Teresina reafirma a posição de destaque do Piauí no cenário nacional. O evento reuniu os principais especialistas em energia e discutiu as perspectivas da transição energética no Brasil, resultando na assinatura de uma carta de compromissos que será encaminhada à Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, a COP30.
Com esse investimento e iniciativas, o Piauí se coloca na vanguarda da transição energética, não só construindo um futuro mais sustentável para o estado, mas também contribuindo significativamente para o equilíbrio ecológico global.