Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, conhecido como Marcolinha, é um dos principais membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) e irmão do infame Marcola. Atualmente encarcerado na Penitenciária Federal de Brasília, Marcolinha tem utilizado seu tempo livre para se dedicar ao estudo, realizando cursos profissionalizantes e aprendendo idiomas, como inglês e espanhol. Essa rotina vem sendo mantida desde que ele foi transferido para o sistema penitenciário federal em 2019, após suspeitas de envolvimento em um plano de fuga.
A vida de Marcolinha na prisão
Considerado um preso de alta periculosidade, Marcolinha está detido há mais de duas décadas, tendo sido preso pela primeira vez no início dos anos 2000. E apesar de sua notoriedade e de sua ligação com operações internacionais do PCC e o tráfico de drogas, ele tem mostrado um comportamento exemplar durante seu encarceramento. Os relatórios da Penitenciária Federal de Brasília indicam que não houve registros de incidentes durante seu tempo de prisão.
Marcolinha não apenas se dedicou ao aprendizado de novos idiomas, mas também completou diversos cursos, incluindo matemática financeira, vigilância sanitária, direito penal e informática, além de ter lido mais de 20 livros. Seu empenho nos estudos é uma forma de buscar a remição da pena, um direito que garante a redução do tempo de encarceramento em razão de atividades educativas, conforme prevê o Código Penal Brasileiro.
Perspectivas de liberdade
Com penas que somam 34 anos e 8 meses, dos quais 26 anos e 9 meses já foram cumpridos, teoricamente, Marcolinha poderia pleitear a liberdade provisória. No entanto, ele ainda permanece sob o olhar atento do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo (MPSP), que investiga suspeitas de lavagem de dinheiro relacionadas à sua companheira e à filha, que é sobrinha de Marcola.
Os aspectos de sua vida e as escolhas que Marcolinha tem feito dentro do sistema prisional revelam uma estratégia de sobrevivência e uma tentativa de se manter relevante em meio ao colapso do sistema criminoso ao qual pertence. A educação e a qualificação profissional podem ser vistas como uma forma de garantir uma perspectiva de vida diferente para o futuro, longe da criminalidade.
Consequências do envolvimento no crime
A atuação de Marcolinha nas penumbras do mundo do crime remonta ao início dos anos 2000, quando seu nome apareceu em investigações relacionadas ao tráfico de armas. Na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Armas, de 2003, Marcolinha foi apontado como um dos principais responsáveis pela compra e distribuição de armamentos para o PCC. Era sabido que as armas frequentemente eram enviadas ao Brasil disfarçadas em carregamentos de cocaína de origem colombiana e boliviana.
Apesar de seu histórico, Marcolinha nunca foi condenado pela justiça por crimes relacionados ao tráfico internacional de drogas, sua pena se refere principalmente a assaltos, incluindo o roubo de R$ 3,8 milhões da transportadora de valores Transprev, em São Paulo, em 1998. Esse dinheiro, segundo as autoridades, teria sido utilizado para financiar fugas de colegas detentos.
A relação com outras facções
Em sua trajetória de criminalidade, Marcolinha também manteve laços com outras facções, como o Comando Vermelho (CV), sendo um amigo próximo de Fernandinho Beira-Mar, uma figura proeminente no crime organizado. O relacionamento com esses criminosos reforça a complexidade do cenário do crime no Brasil, onde alianças e rivalidades moldam a dinâmica das organizações criminosas.
Atualmente, Marcolinha cumpre sua pena ao lado de outro importante membro do PCC, conhecido como Tuta, que foi preso recentemente na Bolívia e é acusado de lavar cerca de R$ 1 bilhão para a facção. Essa proximidade com outros indivíduos de alta periculosidade evidencia a continuidade das relações criminosas dentro do sistema penitenciário brasileiro.
Marcolinha continua sendo uma figura polêmica, cercada tanto por suas atividades criminosas quanto pelas tentativas de reinvenção pessoal. A insistência em buscar a qualificação e o conhecimento é, sem dúvida, uma busca por um futuro diferente, ainda que envolto em um passado repleto de crimes.