O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrou sua visita à França nesta segunda-feira, com um compromisso significativo na sede da Interpol em Lyon. Sob a presidência do brasileiro Valdecy Urquiza, Lula assinou uma declaração de intenções que visa fortalecer a cooperação internacional no combate ao crime organizado.
A visita histórica à Interpol
Essa visita se destaca como um marco, sendo a primeira vez que um presidente brasileiro participa de uma cerimônia na sede da Interpol. Em seu discurso, Lula expressou seu orgulho por ser recebido por um compatriota no cargo mais alto da organização. “A Interpol atua na busca e captura de criminosos perigosos em todo o mundo, combate ao terrorismo, resgata vítimas de tráfico e exploração sexual e protege o meio ambiente”, afirmou ele.
Lula ressaltou que a criminalidade evolui rapidamente, ultrapassando fronteiras, o que torna a ação internacional urgente e vital. A declaração assinada prevê um aumento na colaboração entre o Brasil e a Interpol, focando na desarticulação de organizações criminosas transnacionais e na proteção de grupos vulneráveis.
Medidas para um Brasil mais seguro
O presidente destacou que as iniciativas implementadas pelo governo estão alinhadas com os objetivos da Interpol. A Polícia Federal do Brasil ampliou sua presença internacional, agora com 34 adidos nos cinco continentes, e estabeleceu uma plataforma permanente de cooperação na Tríplice Fronteira com Argentina e Paraguai. “Fortalecer a segurança pública também significa proteger a natureza”, enfatizou Lula.
Valdecy Urquiza, secretário-geral da Interpol, reforçou a necessidade de uma resposta global unificada ao crescente poder das organizações criminosas. “Nenhum país está imune, e nenhum setor está a salvo”, declarou ele, enfatizando que o novo acordo entre o Brasil e a Interpol irá abrir caminhos para operações conjuntas, identificando áreas de colaboração específicas.
Contexto político e encarceramento de ex-deputada
A visita de Lula a Lyon ocorre em um momento conturbado na política brasileira, com a condenação da ex-deputada Carla Zambelli, que foi incluída na lista de foragidos da Interpol. Zambelli, condenada a dez anos de prisão por invasão de dispositivos e falsidade ideológica, é acusada de estar na Itália. A condenação ocorreu após decisão unânime do Supremo Tribunal Federal (STF), que encerrou a ação penal contra ela.
Durante a sua estadia na França, Lula também discutiu a necessidade de maior compromisso global com a proteção dos oceanos, destacando que o planeta enfrenta uma crise ambiental. Na última semana, o presidente participou de diversas reuniões com o presidente francês Emmanuel Macron, abordando temas como o acordo Mercosul-União Europeia, a guerra na Ucrânia e a conferência COP30, que ocorrerá em Belém em novembro.
Compromissos com a sustentabilidade
Na Conferência da ONU sobre os Oceanos, que aconteceu em Nice, Lula anunciou compromissos para a proteção das áreas marinhas, incluindo a meta de zerar o desmatamento até 2030 e aumentar a cobertura das áreas marinhas protegidas de 26% para 30%. Essas iniciativas fazem parte do Marco Global para a Biodiversidade, visando um futuro mais sustentável para o Brasil e o mundo.
Retornando ao Brasil na noite desta segunda-feira, Lula trouxe consigo não apenas os compromissos firmados em Lyon, mas uma agenda forte em prol da segurança e conservação ambiental, refletindo a crescente interconexão entre segurança pública, crime organizado e proteção ambiental.
