Brasil, 9 de junho de 2025
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Início de interrogatórios no STF marca nova fase da trama golpista

O STF inicia os interrogatórios dos réus envolvidos na trama golpista, após audiências que reforçaram as denúncias da PGR.

Nesta segunda-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) inicia uma nova fase no processo que investiga a suposta trama golpista que ocorreu após as eleições de 2022. Os interrogatórios dos réus foram antecedidos por uma intensa maratona de audiências, onde foram ouvidas 52 testemunhas, tanto de acusação quanto de defesa. O que emerge desta fase é que, conforme a avaliação de integrantes da Corte, os depoimentos das testemunhas de defesa não trouxeram novos elementos ao processo, enquanto aqueles da acusação respaldaram as denúncias feitas pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

A maratona de depoimentos e seus desdobramentos

A sequência de depoimentos que desembocou no início dos interrogatórios contou com figuras de destaque, como os ex-comandantes das Forças Armadas do Brasil. Estiveram presentes testemunhas de peso, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, cujo discurso foi defendido pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Apesar dos esforços da defesa, as audiências não foram isentas de polêmica e confrontos, sendo um dos episódios mais intensos protagonizado pelo ex-ministro Aldo Rebelo.

Testemunhos reveladores e confronto de versões

No início da maratona, os ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica, Freire Gomes e Carlos de Almeida Baptista Junior, respectivamente, foram ouvidos. Um dos pontos críticos do depoimento de Freire Gomes foi sua confirmação de que se reuniu com o ex-presidente Bolsonaro para discutir questões ligadas a um suposto estado de defesa ou de sítio. Segundo ele, as conversas estavam dentro dos limites constitucionais e, por isso, não lhe causaram preocupação.

Entretanto, a versão apresentada gerou questionamentos por parte do ministro Alexandre de Moraes, que notou contradições em relação ao que o militar havia dito anteriormente à Polícia Federal. No depoimento, Baptista Junior corroborou que presenciou momentos tensos durante discussões com o ex-presidente, ressaltando que uma ameaça de prisão havia sido feita pelo comandante do Exército.

Declarações de apoio e defesa ao governo Bolsonaro

Um dos pontos-chave das audiências foi o testemunho de Tarcísio de Freitas, que se posicionou em defesa de Bolsonaro, afirmando que o ex-presidente nunca cogitou a hipótese de um golpe. Segundo o governador, durante as conversas mantidas em novembro e dezembro de 2022, Bolsonaro demonstrou estar triste e resignado com a derrota nas eleições, sem qualquer menção a planos de ruptura democrática.

Além disso, Tarcísio também destacou a gestão de Bolsonaro, afirmando que, apesar das crises enfrentadas, seu governo foi responsável por reformas significativas. Ele se referiu aos desafios, incluindo crises ambientais e sanitárias, mas afirmou que o país conseguiu um superávit econômico ao final de seu mandato.

Tensões nas audiências e determinação de Moraes

Entre os momentos mais tensos das audiências, a bronca do ministro Moraes ao ex-ministro Aldo Rebelo gerou repercussão. Moraes aduziu que, se Rebelo não se comportasse adequadamente, poderia ser preso por desacato. A situação acendeu um debate sobre a interpretação de palavras e expressões, em que Rebelo alegou que a linguagem portuguesa podia estar sujeita a interpretações e que não deveria ser lida de maneira literal.

Moraes, por sua vez, não se deixou levar por essa justificativa e exigiu que Rebelo se mantivesse nos fatos, gerando um embate acalorado no tribunal. Um clímax da discussão foi quando Moraes insistiu em que Rebelo se comportasse e se atentasse ao que foi realmente dito nas reuniões.

A expectativa dos interrogatórios

O início dos interrogatórios dos réus na próxima semana promete trazer desdobramentos significativos para o caso da trama golpista. Os juízes e a opinião pública esperam que a presença de Bolsonaro diante da Corte possa elucidar os eventos após as eleições de 2022, sendo que ele mesmo pretende transmitir seu depoimento ao vivo por suas redes sociais. A expectativa gira em torno da interação entre Moraes e Bolsonaro, uma vez que ambos possuem visões divergentes sobre os eventos questionados.

Os réus poderão optar por permanecer em silêncio durante seus interrogatórios. Contudo, o clima nos bastidores é de tensão, com ambas as partes buscando explorar informações que possam favorecer suas alegações. O julgamento da trama golpista está em curso e as próximas sessões de interrogatório prometem desenvolver ainda mais o intricado cenário político do Brasil.

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