O setor de turismo em Israel, que já foi uma das maiores fontes de receita do país, agora se encontra em uma crise sem precedentes. Yossi Fattal, executivo da Associação de Operadores de Turismo, destacou que o número de entradas de turistas caiu drasticamente desde o pico de 2019, quando 4,9 milhões de visitantes foram recebidos. Atualmente, a situação é alarmante, com cerca de um milhão de entradas anuais, das quais um terço são pessoas que visitam familiares, e não turistas propriamente ditos. Este cenário preocupa não apenas os profissionais do turismo, mas também as economias locais que dependem dessa atividade.
Consequências econômicas e sociais
Fattal enfatizou que a indústria de turismo anteriormente era a quinta maior exportadora de Israel, movimentando cerca de 40 bilhões de novas shekels (aproximadamente 10,7 bilhões de dólares) e representando 7% das exportações nacionais. Contudo, essa contribuição agora caiu para apenas 2%. Ele observou que cerca de 15% dos empregos nas cidades periféricas do país dependem do turismo, com cidades como Tiberíades, Nazaré e Safed sofrendo impactos diretos dessa queda.
“Sem o turismo, essas cidades não têm economia”, alertou Fattal. “Além dos problemas de segurança, a nossa imagem global foi arruinada nos últimos anos. A reputação internacional é um ativo estratégico para qualquer país e, no momento, estamos com uma imagem fragilizada”, acrescentou.
Medidas governamentais e propostas
O governo israelense destinou NIS 556 milhões (aproximadamente 149 milhões de dólares) para o Ministério das Relações Exteriores em 2025, para ajudar a enfrentar a crise, mas Fattal considera essa quantia “massiva e completamente ineficaz”. Ele sugeriu a implementação de um plano que incentive turistas a se tornarem embaixadores informais do país, compartilhando suas experiências e promovendo Israel nas redes sociais, como uma alternativa mais eficaz ao marketing tradicional.
Fattal apontou que é crucial mostrar ao mundo como é a vida em Israel. “Tel Aviv está cheia de vida, os cafés estão lotados. No entanto, o que é veiculado no exterior são imagens horripilantes da Gaza”, completou. “Precisamos mudar essa narrativa e parar de apenas pedir desculpas.” Segundo ele, é fundamental melhorar a diplomacia pública nacional, já que atualmente a conversa global é dominada por vozes contrárias a Israel, e o país não possui uma direção efetiva de diplomacia pública.
O futuro do turismo em Israel
Mesmo que a guerra termine, Fattal alertou que o impacto reputacional pode ser de longo prazo. “Embora a guerra termine amanhã, o dano reputacional já está incrustado e nos seguirá por um bom tempo. O Ministério das Relações Exteriores diz que está trazendo influenciadores para Israel, mas isso não é visível”, afirmou. “Saberemos que somos bem-vindos novamente apenas quando os turistas começarem a voltar”.
A força de trabalho no turismo sofreu cortes drásticos, com apenas um terço dos 3.000 trabalhadores permanecendo na indústria. “Os hotéis conseguirem se manter durante a guerra graças aos evacuados, mas agora dependem exclusivamente do turismo estrangeiro”, disse Fattal.
Yossi Fattal (Foto: Associação de Operadores de Turismo)
Para buscar um caminho à recuperação, o Ministro do Turismo, Haim Katz, conseguiu alocar NIS 70 milhões (cerca de 18,7 milhões de dólares) em 2023 para preservar 1.000 postos de trabalho. Fattal concluiu: “Nenhum outro setor em Israel está em uma situação tão crítica como o nosso. A sensação é de que ainda estamos em 8 de outubro. Ao contrário de outros setores, não podemos substituir pessoal de forma rápida — leva três anos para treinar um novo profissional”.