Na manhã desta segunda-feira, o ex-presidente Jair Bolsonaro acompanhou com atenção e seriedade o interrogatório do tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens, no Supremo Tribunal Federal (STF). O depoimento, que faz parte de uma investigação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado, ocorreu em um clima tenso, onde o ex-mandatário mostrou reações contidas em diversos momentos.
Atitude serena no STF
Durante a maior parte do interrogatório, Bolsonaro manteve uma postura de braços cruzados e inclinou-se para trás, escutando atentamente as declarações de Cid, que é o primeiro a depor após um acordo de delação premiada. Este acordo, ao que tudo indica, trouxe novas informações que implicam diretamente o ex-presidente na trama golpista. Algumas vezes, em momentos de reflexão, Bolsonaro se inclinou para frente, fez anotações, e até mesmo bocejou enquanto Cid falava, demonstrando um misto de fadiga e concentração.
Revelações de Mauro Cid
De acordo com os relatos de Cid, Bolsonaro teria alterado uma minuta que sugeria um golpe de Estado e que o ex-comandante da Marinha havia deixado “tropas à disposição”. O tenente-coronel também fez declarações sobre uma ordem do ex-presidente, que gerou repercussão no ambiente político e jurídico do Brasil. A importância desse depoimento é inegável, considerando que o STF começou a ouvir os réus envolvidos nesse caso, estabelecendo um marco importante na apuração dos fatos.
Momentos de descontração
Um dos poucos momentos de descontração registrados durante o depoimento ocorreu quando o ministro Alexandre de Moraes fez uma piada sobre a retirada dos nomes de outras autoridades da minuta golpista, comentando que estes “ganharam habeas corpus”, o que gerou risadas entre os presentes, inclusive de Bolsonaro. Essa leveza contrastou com a seriedade do momento e do conteúdo abordado, trazendo um pouco de alívio em meio à tensão do interrogatório.
Protocólos de segurança e interações
Bolsonaro, que já havia demonstrado preocupação quanto a possíveis envenenamentos, aceitou café durante a sessão, algo que não ocorreu em outras ocasiões. Em um depoimento anterior, ele havia rejeitado água e optado por uma garrafa lacrada. Esses comportamentos revelam uma combinação de estresse e vigilância, que permeia não apenas a atual situação jurídica, mas também sua vivência desde o término de seu mandato.
Emblemas de honra e recordações
Durante o interrogatório, Bolsonaro ostentou um broche que simboliza a “Medalha do Pacificador com Palma”, uma honraria recebida pelo ex-presidente ao salvar um soldado em um exercício militar em 1978. O uso do broche parece ser um ponto de orgulho para ele, e durante um intervalo da sessão, ele comentou: “Se eu fosse racista eu não teria ganhado essa medalha. Isso aqui é honra.” Essa declaração, embora descontraída, reconduz a narrativa a eventos passados e a controvérsias envolvendo sua figura pública.
Conclusão e expectativas futuras
O interrogatório de Mauro Cid e a presença de Bolsonaro no STF acentuam o clima de incerteza no cenário político brasileiro. Com a crescente pressão sobre os réus e o avanço das investigações, é possível que novos desdobramentos e revelações ocorram nas próximas sessões no STF. Este processo não é apenas um exame sobre o passado recente do país, mas também um reflexo da constitucionalidade e da justiça em jogo, fatores que continuam a moldar o Brasil e suas instituições.
Com as atenções voltadas para as próximas etapas, a sociedade brasileira observa de perto o desfecho desta importante fase do processo, que poderá alterar o rumo da política nacional.