Conhecida como Emilycc, a streamer americana de Austin, Texas, transmite sua rotina ao vivo 24 horas por dia, sem pausas, há mais de três anos, enfrentando desafios de privacidade e saúde mental.
A rotina intensa dos streamers “infinitos”
Emilycc, com quase 400 mil seguidores na Twitch, acompanha seus fãs enquanto dorme, faz refeições, vai ao mercado e lida com o luto da perda de sua cachorrinha. “Quando tenho privacidade, é porque fui ao banheiro”, brinca ela ao G1.
Outro exemplo é André Felipe, o MeiaUm, de Fortaleza, que chegou a manter uma live ininterrupta por mais de um ano, com o apoio de uma equipe. Seus ganhos, incluindo diversas plataformas, refletem uma média de R$ 25 mil mensais, provenientes de inscrições, anúncios e parcerias.
Pressão contínua para entreter
A edição de conteúdos longos, como os “subathons”, busca aumentar o engajamento, mas nem sempre traz retorno financeiro proporcional, alerta Anadege Freitas, da Twitch Brasil. “Os streamers precisam ser inteligentes para equilibrar esforço e benefício”, orienta ela.
Por outro lado, Marcos Torati, psicólogo, alerta para o risco de burnout e dependência emocional. A ausência de regulamentação trabalhista formal e a busca incessante por likes podem transformar esses profissionais em “escravos do ponto de vista emocional”, diz o especialista.
Nunca offline: o impacto na vida social
Emilycc relata que, devido à rotina 24 horas, seu círculo social diminuiu e ela ainda convive com o luto na live, o que nem sempre é bem visto pelos seguidores. “As pessoas querem assistir a algo que lhes traga alegria”, afirma.
Já MeiaUm, que também costuma dormir com a câmera ligada, revela que suas pausas são necessárias. “Às vezes, é complicado, mas vejo isso como uma oportunidade única de estar com o público que me acompanha”, explica.
O lado psicológico do trabalho incessante
Segundo Marcos Torati, essa exposição constante pode levar a um esvaziamento existencial, ansiedade e dificuldades na vida social, afetando relacionamentos e bem-estar emocional. “Quem investe demais na vida digital acaba perdendo o contato com o ‘eu’ real”, analisa.
Emily reconhece que pensou em desistir em momentos de crise, como após a morte da cachorrinha, mas sente que estar ao vivo ajuda na recuperação emocional. “Me sinto melhor quando estou transmitindo”, conclui.
Perspectivas e cuidados necessários
Especialistas reforçam a importância de limites e cuidados com a saúde mental para quem vive esse estilo de vida. A Twitch afirma que oferece orientações sobre o tema e promove espaços de diálogo para os criadores de conteúdo.