No último sábado, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) se manifestou sobre a ação judicial movida pela Advocacia-Geral da União (AGU) contra ele, na 11ª Vara da Justiça Federal do Ceará. A queixa, protocolada na semana passada, alega que Ciro fez acusações de corrupção e peculato contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Relatos indicam que em um vídeo veiculado nas redes sociais, o ex-ministro insinuou que Lula teria recebido propina para a criação do programa “Crédito do Trabalhador”.
A defesa de Ciro Gomes
Diante da repercussão da iniciativa judicial, Ciro Gomes decidiu se defender publicamente. Em suas declarações, ele acusou a manobra judicial de ser parte de uma perseguição política, relatando:
— Nos últimos anos, eu tenho procurado suportar em silêncio um enorme lawfare. Você sabe, é a manipulação no Brasil do próprio Judiciário para perseguição de pessoas que são vistas como inimigas dos poderosos. Processos, muitos processos artificiais, são movidos contra mim por políticos agentes dos agiotas que chupam o sangue do povo brasileiro.
Ele não poupou críticas ao presidente, intensificando seu discurso:
— Agora, finalmente, o maior dos agentes dos agiotas, o presidente Lula, ele mesmo, do alto da sua covardia e manipulando o próprio poder da Presidência da República, entra nesse jogo judicial, na tentativa de me calar. Me interpela judicialmente por suposto ataque à sua honra, mas não por calúnia, pois isso me daria o direito de pedir o que no Direito se chama de exceção da verdade — que é provar que tudo o que eu falo é a mais pura verdade. Lula não colocou o pobre no orçamento, colocou o pobre em leilão.
Intimidação e apoio de colegas
Ciro Gomes afirmou que não se sente ofendido pelo presidente, ressaltando que não tem intenção de se calar diante daquilo que considera uma tentativa de intimidação. O luminar político também recebeu apoio de figuras como o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL), que se ofereceu para dialogar com Ciro sobre o que ele descreveu como censura.
— Ciro criticou a criação do empréstimo consignado para trabalhadores do setor privado, dizendo que Lula segue sua história de encher o bolso dos bancos enquanto fragiliza a população. Aí eu te pergunto: se ele não tivesse denunciado essa política pró-bancos do Lula, será que isso estaria acontecendo com ele? É claro que não, né? — questionou o deputado.
Um rompimento com o passado
Ciro Gomes e Luiz Inácio Lula da Silva eram aliados durante o primeiro mandato do petista, entre 2003 e 2006, período em que Ciro ocupou o cargo de ministro da Integração Nacional. O rompimento entre eles ocorreu em 2018, quando Ciro rejeitou o convite de Lula para ser vice em sua chapa. Em um ato simbólico, Ciro saiu de cena durante o segundo turno entre Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PL).
Desde 2022, Ciro tem criticado intensamente o Partido dos Trabalhadores (PT) e adotado uma postura de oposição ao governo atual. A divergência com a sigla também culminou em um rompimento familiar, já que seu irmão, o senador Cid Gomes, deixou o PDT e se filiou ao PSB.
Novas alianças e a política no Ceará
Neste ano, Ciro Gomes demonstrou abrir-se para aproximações com setores do bolsonarismo no Ceará, numa estratégia para barrar a reeleição do governador Elmano de Freitas (PT). A movimentação gera discussões sobre possíveis alianças políticas e o futuro eleitoral do ex-ministro.
A situação atual de Ciro reflete um cenário complexo de rivalidades políticas em um Brasil polarizado, em que as declarações e ações de figuras públicas são fundamentais para moldar o diálogo político nacional. O ex-ministro segue firme em sua defesa, alegando que não se deixará intimidar pela pressão e pela legislação, destacando-se como uma voz crítica e imparcial no contexto das eleições e das disputas de poder.