Brasil, 8 de junho de 2025
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A paixão por caminhão de lixo ajuda criança com autismo no aprendizado

Levi, um menino de 6 anos, utiliza seu amor por caminhões de lixo para se concentrar nas atividades escolares.

O pequeno Levi Souza, de apenas 6 anos, encontrou uma maneira singular de conciliar sua paixão por caminhões de lixo com o aprendizado escolar. Morador do distrito de Sítio dos Nunes, em Flores (PE), Levi tem o Transtorno do Espectro Autista (TEA), condição que, entre suas características, inclui a habilidade de desenvolver interesses intensos, um fenômeno conhecido como hiperfoco. E assim, um mero caminhão de lixo se transformou em uma poderosa ferramenta pedagógica nas mãos da monitora Simone Freire.

O fascínio de Levi pelos caminhões de lixo

Levi tem demonstrado uma habilidade impressionante de reconhecer caminhões de lixo e conhece até mesmo os dias da coleta na sua região. Seu entusiasmo é contagiante: ao ouvir sobre esses veículos, seu olhar brilha e sua curiosidade aflora. Foi a partir dessa paixão que Simone, que cursa pedagogia e trabalha como monitora na escola municipal Dr. Paulo Pessoa Guerra, percebeu uma oportunidade de integrá-lo às atividades escolares.

“Nada mais desperta o interesse dele como os caminhões. Então, começamos a adaptar o conteúdo das aulas ao seu gosto”, explica Simone. A sala de aula se transformou: a parede próxima à cadeira de Levi agora exibe desenhos e fotos de caminhões, e os números e letras também foram adaptados dentro deste contexto, tornando a aprendizagem mais atrativa e significativa para ele.

Um passeio inesquecível

Na última quarta-feira (28), Simone realizou o sonho de Levi: um passeio no caminhão de lixo. “Esse momento foi muito especial, pois pude ver o quanto ele ficou feliz e engajado. Para nós, profissionais da educação, é crucial adaptar o método de ensino, principalmente tratando com crianças que possuem necessidades específicas como o autismo”, afirma a monitora.

A importância da sensibilidade na educação inclusiva

Simone afirma que sua formação acadêmica não a preparou para lidar com crianças atípicas. “Na faculdade, a gente não aprende a lidar com crianças atípicas. Cada uma tem um comportamento diferente, e é preciso ter muita sensibilidade e criatividade para encontrar formas de engajá-las”, diz. O trabalho que Simone desenvolve com Levi vai além do currículo escolar; ela busca fazer dele um aprendizado significativo e prazeroso.

Crescimento do número de alunos com autismo nas escolas

O aumento de crianças com autismo matriculadas em escolas comuns no Brasil é um reflexo da maior conscientização sobre a condição. Dados do Censo Escolar, divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), revelam que o número de alunos com autismo saltou de 405 mil para 884,4 mil nos últimos dois anos. No entanto, a formação dos profissionais que atuam na educação precisa evoluir para que possam atender adequadamente essa nova demanda.

Para professores e monitores, compreender o mundo do aluno é fundamental. Simone e Levi estão criando um exemplo inspirador de como o amor por um único tema pode se transformar em um aprendizado enriquecedor. Levi, ao invés de ser um aluno passivo, se torna o protagonista de sua própria história de aprendizagem, mostrando que o interesse pode ser a chave que desbloqueia o potencial de cada criança.

O trabalho de Simone em adaptar o ensino às particularidades de Levi é uma demonstração clara de que a educação inclusiva vai além do reconhecimento; ela exige estratégia, criatividade e empatia. E assim, através de um caminhão de lixo, uma criança está descobrindo não apenas as letras e números, mas também o valor da atenção e do carinho que a educação pode oferecer.

Esse exemplo nos ensina que, muitas vezes, as soluções mais simples são também as mais eficazes e que entender as paixões de uma criança pode ser o primeiro passo para um aprendizado duradouro e significativo.

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