Nos últimos dois anos, pessoas influentes na tecnologia, incluindo Elon Musk, fizeram alertas sobre o impacto da inteligência artificial (IA) na força de trabalho, afirmando que ela poderia “automatrizar todos os empregos” e alterar significativamente a sociedade. A realidade atual parece confirmar esses prognósticos alarmantes.
Demissões em massa: uma nova realidade
As demissões estão varrendo várias indústrias nos Estados Unidos, resultando na perda de centenas de milhares de empregos em gigantes como Microsoft e Walmart. Os recém-demitidos descrevem a situação como um “massacre” em escala comparável àquela vivida durante a pandemia. O fenômeno não se restringe mais apenas a trabalhadores de linha de produção; agora, os formados em faculdades com empregos em setores como tecnologia, finanças e direito também estão enfrentando demissões em massa.
Um dado preocupante é que os graduados universitários estão se tornando significativamente mais propensos ao desemprego em comparação com outros grupos demográficos. As funções de nível básico estão sendo extintas rapidamente, o que gera um clima de apreensão sobre uma possível recessão e uma geração de formados desiludidos com currículos que ninguém deseja.
O papel da inteligência artificial no mercado de trabalho
Os chatbots já tomaram conta de funções como entrada de dados e atendimento ao cliente, e novas formas de IA, conhecidas como IA “agente”, são capazes de resolver problemas de maneira independente. Esses “robôs inteligentes” estão analisando tendências de mercado e gerindo operações complexas. Na prática, isso significa que softwares movidos por IA estão a cada dia mais aptos a realizar tarefas que anteriormente demandavam mão-de-obra humana, como escrever contratos legais e diagnosticar pacientes.
Recentemente, a Procter & Gamble anunciou a demissão de 7.000 funcionários, representando cerca de 15% de sua força de trabalho não industrial. Além disso, a Microsoft demitiu 6.000 colaboradores, o que equivale a 3% de seu quadro, num movimento que visa a despejar gordura administrativa. O CEO de uma importante empresa de tecnologia, Jason Shafton, comentou que as demissões da Microsoft são um reflexo de um mercado de trabalho em transformação.
A realidade das demissões
Relatos de demissões são constantes, com empresas como Walmart reduzindo 1.500 funções em tecnologia, vendas e publicidade. Firmas como Citigroup e Disney também demitiram dezenas ou até centenas de trabalhadores nas últimas semanas. Essa onda de demissões está sendo alimentada pela crescente dependência da inteligência artificial, que possibilita às empresas cortar custos e aumentar a eficiência, embora isso tenha gerado uma crescente insegurança no mercado de trabalho.
As consequências para o futuro do trabalho
A taxa de desemprego nos Estados Unidos se mantém em 4,2%, mas esse índice é consideravelmente maior entre formados, chegando perto de 6%. O Banco da Reserva Federal de Nova York recentemente apontou que as perspectivas de emprego para os formados estão “deteriorando visivelmente”. Economistas alertam que podemos estar diante de uma recessão induzida pela IA, com milhões perdendo seus empregos e um consequente colapso no consumo e aumento da agitação social.
O cenário é caótico e pode ser encarado como uma nova revolução industrial, mas que acontece em um espaço de tempo muito mais curto. Dario Amodei, CEO de uma influente empresa de IA, previu que a inteligência artificial poderia eliminar até metade dos empregos de nível inicial e aumentar o desemprego a índices alarmantes de 10 a 20% nos próximos cinco anos.
O que vem a seguir?
Há uma crescente percepção de que as universidades estão formando mais graduados do que o mercado atual pode absorver. Isso provoca um sentimento de traição entre jovens profissionais, que se sentem enganados em relação às oportunidades prometidas, mas que se deparam com um futuro de redundância “aumentada” pela IA. Alguns estão buscando novas oportunidades, enquanto outros se veem forçados a se reinventar em um cenário incerto.
A mensagem é clara: o futuro do trabalho será cada vez mais moldado pela adaptabilidade e pela capacidade de integrar a IA nas atividades profissionais. Dessa forma, enquanto algumas profissões podem desaparecer, outras podem emergir, desafiando antigos paradigmas e propondo um novo jeito de trabalhar em um mundo dominado pela tecnologia.