Em Castelo do Piauí, a 190 km de Teresina, o futuro se constrói na horta do Centro Estadual de Tempo Integral (Ceti) Cônego Cardoso. Na escola, a sustentabilidade deixou de ser um conceito abstrato para virar prática diária dos estudantes. O projeto, que começou com o cultivo de melancias, agora inclui tomates e maracujás, sendo toda a produção destinada ao consumo interno, promovendo uma alimentação saudável e um sentimento de pertencimento entre os alunos.
A horta como laboratório de educação ambiental
A horta comunitária vai além do cultivo; ela funciona como um verdadeiro laboratório de educação ambiental. Os alunos são responsáveis por todas as etapas, desde o preparo do solo até a colheita, incluindo adubação, irrigação e controle de pragas. O projeto é liderado pelo grêmio estudantil, com o suporte da direção e a orientação técnica de um engenheiro agrônomo. “A gente aprende na prática. Desde a poda do maracujá até a prevenção de pragas. Ver o resultado dá orgulho. A gente se sente mais conectado com a natureza e com o que consome”, conta Diogo, um dos alunos envolvidos no projeto.
Inovação e tecnologia a favor da sustentabilidade
O projeto começou a ganhar destaque além dos limites da escola. No Seduckathon 2024, os estudantes apresentaram uma proposta de horta sustentável que utiliza tecnologia para facilitar o cuidado das plantas, com sensores que monitoram a terra e um sistema que reaproveita a água dos aparelhos de ar-condicionado para irrigar a horta. Essas soluções simples fazem uma enorme diferença no cotidiano escolar.
Com o apoio do Programa PIBIC-Jr, uma parceria da Secretaria da Educação com a Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapepi), os alunos também ampliaram seus estudos para a comunidade local. Durante quase um ano, investigaram a realidade dos pequenos produtores rurais, analisando a economia familiar e buscando maneiras de torná-la mais sustentável. A meta foi compreender como a agroindústria da região gera renda e identificar formas de fortalecer essa produção, alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Transformação social por meio da educação
O secretário da Educação, Washington Bandeira, ressalta a importância desse contato direto com a realidade local: “O contato aproxima os estudantes do seu território e mostra que o conhecimento é uma poderosa ferramenta de transformação”. Essa vivência prática impactou não apenas os alunos, mas também a comunidade, gerando um ciclo de aprendizado e conscientização sobre a sustentabilidade e o meio ambiente.
Do projeto escolar ao Parlamento Juvenil
Toda essa vivência levou a estudante Lulla Miguel a dar um passo além. Inspirada pelo projeto da horta e pela conexão com a terra, ela criou a proposta “Escolas Climáticas por Meio da Agroecologia e Arborização” e foi selecionada para o Parlamento Juvenil 2025, um programa que simula a atividade parlamentar e promove o protagonismo juvenil. Na proposta, Lulla sugere transformar escolas em polos de educação ambiental, com áreas verdes compostas por espécies nativas representando os biomas brasileiros e práticas agroecológicas no cultivo de alimentos.
“Queremos que a escola continue sendo espaço de conhecimento, mas também de prática, de consciência ambiental e de conexão com o nosso território. Essa é uma forma de mostrar que é possível aprender mudando o mundo à nossa volta”, explica Lulla.
O projeto de horta escolar em Castelo do Piauí é um exemplo inspirador de como a educação pode ser uma ferramenta poderosa para a transformação social e ambiental. À medida que os estudantes aprendem a cuidar da terra, eles também estão construindo um futuro mais sustentável para si e para a comunidade ao seu redor.