O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), está enfrentando uma onda de críticas severas após uma declaração indevida na qual comparou moradores de rua a carros estacionados em locais proibidos. Durante uma entrevista à Jovem Pan na última quinta-feira, Zema afirmou que deveria haver uma legislação permitindo a remoção desses cidadãos em situações consideradas incômodas. Suas palavras provocaram indignação tanto na população quanto em diversos representantes da classe política.
A declaração polêmica de Zema
Em sua fala, Zema fez uma analogia que muitos consideraram desumana. Ele disse: “Temos lá (em Belo Horizonte) moradores de rua ainda. Eu falo que no Brasil nós tínhamos que ter uma lei. Quando você para um carro em lugar proibido, ele é removido, guinchado. Agora, fica morador de rua às vezes na porta da casa de uma idosa, atrapalhando ela a entrar em casa, fazendo sujeira, colocando a vida dela de certa maneira em exposição.” Essa comparação gerou uma forte repercussão negativa e reclamações sobre a insensibilidade do governador em relação a uma questão tão complexa e delicada.
Reações da classe política
A fala de Zema não passou desapercebida. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, foi um dos primeiros a criticar as palavras do governador nas redes sociais. “A insensibilidade do governador é revoltante! Zema erra para além da palavra. Alguém tem que ensinar a esse filhinho de papai que o correto, quando se trata de pessoas, é acolher”, publicou, representando um sentimento de muitos que consideraram a declaração inaceitável.
Outra declaração controversa
Esta não é a primeira vez que Zema se vê envolvido em polêmicas. Apenas dias antes, ele havia feito declarações sobre a Ditadura Militar, classificando o período como uma “questão interpretativa”. Em entrevista à Folha de S.Paulo, o governador disse: “Prefiro não responder, porque acho que há interpretações distintas.” Essa resposta evasiva foi criticada por aqueles que entendem como uma tentativa de minimizar os crimes cometidos durante a ditadura.
Implicações políticas para Zema
As recentes declarações de Zema têm causado desconforto até mesmo entre seus aliados. Governistas que falaram com o GLOBO sob condição de anonimato expressaram preocupação de que o governador possa prejudicar a imagem do vice-governador Mateus Simões (Novo), considerado seu sucessor natural. Enquanto Zema tenta se afirmar como uma figura política dentro do contexto da direita bolsonarista, Simões tem buscado uma postura mais conciliadora, dialogando com o eleitorado do centro.
A corrida presidencial de 2026
A postura de Zema se torna ainda mais crucial com a sua ambição de se tornar candidato à presidência em 2026. Ele está trabalhando para estabelecer uma posição forte entre os líderes da direita, especialmente após a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro. Por sua vez, nomes como Ronaldo Caiado (Goiás), Ratinho Júnior (Paraná), Tarcísio de Freitas (São Paulo) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) também estão se destacando como potenciais candidatos.
Acenos ao bolsonarismo
Nos últimos meses, Zema tem intensificado seus acenos ao bolsonarismo. Ele apoiou a proposta de anistia para os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro e, em abril, participou da manifestação convocada por Bolsonaro na Avenida Paulista. Além disso, tem elevado o tom nas críticas ao governo de Lula e ao PT, mostrando que está decidido a se posicionar claramente dentro do campo conservador.
As declarações de Zema refletem desafios complexos que enfrentam os políticos em suas estratégias para consolidar suas posições no cenário político nacional. Enquanto tenta se afirmar como um líder forte na direita, seus comentários controversos podem ter consequências inesperadas em sua trajetória política.