O arcebispo Paul Richard Gallagher, secretário para as Relações com os Estados, está em Havana nesta semana para marcar os 90 anos de relações diplomáticas entre Cuba e o Vaticano. A visita inclui encontros com autoridades cubanas e lideranças católicas, além de reafirmar a presença da Igreja na sociedade cubana.
Diplomacia do Vaticano e diálogo com Cuba
Na quinta-feira, Gallagher discursou no Palacio de la Revolución, residência do governo cubano, após reuniões com o presidente Miguel Díaz-Canel e o primeiro-ministro Manuel Marrero Cruz. No dia anterior, também se encontrou com o ministro das Relações Exteriores, Bruno Eduardo Rodríguez Parrilla. Segundo uma postagem do secretariado de Estado do Vaticano, o arqubispo abordou a diplomacia da Santa Sé, fundada em valores evangélicos na promoção da paz e da dignidade humana.
In visita a L’Avana, S.E. Mons. Paul R. Gallagher ha incontrato S.E. Miguel Díaz-Canel, Presidente della Repubblica, e S.E. Bruno Eduardo Rodríguez Parrilla, Ministro degli Affari Esteri. pic.twitter.com/XmzhcGmLq2
— Secretaria di Stato della Santa Sede (@TerzaLoggia) 6 de junho de 2025
Cuba e o Vaticano estabeleceram relações diplomáticas em 7 de junho de 1935, preservando-as mesmo após a Revolução Cubana de 1959, que promoveu o ateísmo estatal e a adoção do marxismo-leninismo. Segundo dados do Vaticano, cerca de 60% dos mais de 11 milhões de cubanos são católicos, distribuídos em mais de 300 paróquias e 11 dioceses.
Encontro com a Igreja cubana e celebração da missa
No dia 4, Gallagher reuniu-se com os bispos de Cuba, dos quais há cerca de 15 residentes no país. No mesmo dia, presidi uma missa na Catedral de Havana, dedicada à Imaculada Conceição da Virgem Maria. Em sua homilia, destacou o papel da Igreja na sociedade cubana, afirmando que “a verdade possibilita relações pacíficas e diálogo construtivo”.
Ele também reforçou que princípios como paz, justiça e verdade orientam tanto a ação pastoral quanto o trabalho diplomático da Santa Sé, e que esses valores podem fundamentar a cooperação com instituições do Estado. “A Igreja mantém essa missão de cuidar do rebanho confiado ao Espírito”, declarou.
Mensagem de esperança e avivamento espiritual
Gallagher evocou a presença do Papa na história espiritual de Cuba, destacando visitas de João Paulo II, Bento XVI e Francisco. Além disso, pediu a intercessão de Maria, mãe de Jesus, para “transformar lágrimas em sorrisos” e devolver a paz aos que vivem momentos difíceis. “O Papa nos convida à ‘Hora do Amor’, onde a caridade — que é amor que dá vida — deve prevalecer”, afirmou.
O diplomata ressaltou ainda que o Papa Leo XIV lhe enviou palavras de encorajamento para a Igreja em Cuba, confiando que a comunidade local vive sua fé com espírito missionário e busca a paz de Cristo. Segundo ele, figuras espirituais cubanas como Olallo Valdés, José López Piteira e Félix Varela representam o amor entre o povo cubano e todas as pessoas.
Durante a missa, participaram membros do Partido Comunista de Cuba, incluindo o vice-presidente Salvador Valdés Mesa e o ministro das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez Parrilla. Também estiveram presentes representantes de outras denominações cristãs, como a Igreja Ortodoxa, conforme o jornal oficial Granma.
Perspectivas futuras e diálogo aberto
Ao final de sua visita, Gallagher expressou a disposição do Vaticano de fortalecer a colaboração com Cuba para o bem comum, reiterando a importância do trabalho conjunto na promoção da paz e da justiça social. Sua agenda inclui ainda uma visita ao lar de idosos San Francisco de Paula, no último dia da missão.
Por meio desta visita, o Vaticano reafirma seu compromisso de atuar como força de diálogo e esperança em Cuba, uma nação com forte identidade católica e importância histórica na caminhada espiritual do continente latino-americano.