No último dia 6 de junho, um trágico incidente ocorreu em Loreto, uma região na fronteira com o Brasil, onde Aaron Wayne Castranova, um turista americano de 41 anos, faleceu após ingerir ayahuasca, uma bebida tradicional de origem indígena, durante uma sessão espiritual. O caso levanta preocupações sobre os riscos associados ao turismo espiritual, especialmente o uso de substâncias alucinógenas como a ayahuasca.
O incidente e as circunstâncias da morte
De acordo com o legista Narciso Lopez, o turista oriundo do Alabama sofreu uma “crise que levou à sua morte” após consumir o chá, que provocou reações multi-orgânicas em seu corpo. A cerimônia aconteceu na hospedagem La Casa de Guillermo ICONA, localizada na comunidade indígena de Santa Maria de Ojeda, que vem se destacando no turismo espiritual recente.
Segunda as informações dos gestores da hospedagem, Castranova não informou aos organizadores da cerimônia que estava tomando antibióticos, o que pode ter contribuído para sua reação adversa à ayahuasca. O uso de antibióticos pode interagir negativamente com as substâncias presentes na bebida, que é conhecida por seus potenciais efeitos psicológicos e físicos.
Os perigos da ayahuasca
A ayahuasca é uma bebida amarga composta por cascas de uma videira e folhas de um arbusto que contêm N-N-dimetiltriptamina (DMT), um poderoso alucinógeno. O uso desta substância tem aumentado entre os turistas que buscam alívio para problemas como depressão e ansiedade. No entanto, o legista Lopez emitiu um alerta, avisando que a ayahuasca pode causar “não apenas mortes, mas também danos permanentes e irreversíveis”.
Nos últimos anos, o turismo de ayahuasca no Peru cresceu consideravelmente, com uma variedade de retiros na selva oferecendo a bebida a visitantes sob a supervisão de guias ou xamãs. Apesar de sua popularidade crescente, a embaixada dos Estados Unidos no Peru recomenda que os cidadãos americanos evitem o uso de alucinógenos tradicionais como a ayahuasca devido aos riscos associados à sua ingestão.
Consequências e alertas
Dados indicam que mais da metade das pessoas que consomem a ayahuasca experimentam problemas de saúde mental relacionados à substância. Além disso, um em cada dez usuários necessita de suporte profissional prolongado após a experiência. Casos extremos podem resultar em fatalidades devido aos efeitos cardíacos que a bebida pode causar.
O incidente trágico envolvendo Castranova ocorre um ano após a morte de uma mãe britânica em um retiro na Bolívia que também era especializado na administração da ayahuasca. As circunstâncias desse segundo caso levantam ainda mais preocupações sobre a segurança em retiros que oferecem essas experiências potencialmente perigosas, especialmente quando os organizadores não têm ciência das condições médicas prévias dos participantes.
O crescente interesse pelo ayahuasca
Apesar dos riscos, o interesse pela ayahuasca continua a crescer. Segundo um relatório do International Center of Ethnobotanical Education, Research and Service, cerca de 4,5 milhões de pessoas relataram ter utilizado a droga em algum momento de suas vidas, com 820 mil pessoas tentando a substância apenas em 2019.
Além disso, outro incidente chocante ocorrido na região de Loreto no ano passado envolveu um turista ucraniano que assassinou e desmembrou uma mulher russa após consumir ayahuasca, destacando os riscos extremos associados ao uso desta substância. É evidente que, enquanto alguns buscam essas experiências espirituais, a falta de regulamentação e os riscos à saúde continuam a representar um desafio sério.
À medida que a popularidade da ayahuasca aumenta, é crucial que tanto os turistas quanto os operadores de turismo adotem uma abordagem cautelosa em relação a essa prática, garantindo que as experiências sejam realizadas de maneira segura e informada.