Os estados de Roraima e Rio de Janeiro se destacam como os que possuem a maior proporção de pessoas que declararam não ter religião, segundo os dados do Censo 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 6. Em ambos os estados, 16,9% da população se identificam como não religiosos. Esses números trazem à tona uma mudança nas crenças e práticas religiosas no Brasil, que merece uma análise cuidadosa.
Dados alarmantes e a realidade em Roraima
No Estado de Roraima, a estimativa é de que cerca de 86.216 pessoas não tenham uma religião definida. Entretanto, a análise do cenário religioso local revela que, apesar da queda nos números dos adeptos de várias tradições, o catolicismo ainda predomina entre os roraimenses. Com aproximadamente 192.821 fiéis, a religião católica representa cerca de 30% da população total de 636.707 habitantes no estado. Isso indica uma aparente resistência das tradições mais antigas, mesmo diante do crescimento das novas correntes.
A religião evangélica ocupa a segunda posição em termos de praticantes, com 174.801 adeptos em Roraima. Um dado interessante é que a Umbanda, uma religião afro-brasileira, é a que apresenta a menor concentração no estado, com apenas 1.551 praticantes declarados. Além disso, Roraima possui a maior proporção de pessoas que se identificam com outras religiosidades, totalizando 7,8% da população local.
O cenário no Rio de Janeiro
O cenário no Rio de Janeiro é igualmente revelador. Com uma população de aproximadamente 16.054.524 milhões de pessoas, o estado é lar do maior número de espíritas do país, com 499.189 adeptos, representando 3,5% da população. Os católicos contam com uma significativa representação no estado, totalizando 5.503.882 milhões de fiéis, enquanto os evangélicos somam 4.526.166 milhões. Por sua vez, a Umbanda tem 365.452 praticantes registrados.
Embora o catolicismo ainda se mantenha como a maior religião no Brasil, a pesquisa indica uma queda acentuada na proporção de brasileiros que se identificam como católicos, alcançando seu nível mais baixo desde 1872. Essa mudança pode refletir as transformações sociais e a diversidade crescente de crenças no cenário brasileiro contemporâneo.
A influência das tradições indígenas
Roraima também se destaca como o estado com a maior proporção de adeptos de tradições indígenas, de acordo com o Censo 2022. Ao todo, 8.488 roraimenses declararam seguir essas tradições, representando 1,7% da população local. Apesar de este número ser pequeno em comparação ao total de indígenas no estado, é uma expressão da rica diversidade cultural e espiritual presente em sua população.
O município de Uiramutã, localizado na tríplice fronteira do Brasil, Venezuela e Guiana, é o mais indígena do país, com 96,60% da população se autodeclarando indígena. Este fato ressalta a importância de respeitar e preservar as tradições locais em meio a uma globalização cada vez mais intensa.
Implicações e reflexões
A divulgação dos dados do Censo 2022 provoca algumas reflexões profundas sobre o futuro das religiões no Brasil. A crescente adesão à não crença ou às novas formas de espiritualidade pode impactar a forma como as comunidades se organizam e interagem. À medida que a sociedade brasileira se diversifica, surge uma oportunidade importante para o diálogo inter-religioso e a promoção do respeito entre diferentes grupos religiosos.
O Censo é uma ferramenta essencial para entender a dinâmica populacional brasileira, oferecendo uma visão abrangente sobre as características que moldam não apenas o cenário religioso, mas também o socioeconômico do Brasil. Com isso, é possível traçar um perfil que ajude a construir políticas públicas mais inclusivas e que respeitem a pluralidade de fé e crenças de todos os brasileiros.