Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) não consideram provável que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tome uma decisão semelhante à da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que deixou o Brasil após ser condenada. De acordo com as análises feitas pelos magistrados, a chance de que Bolsonaro opte por se exilar no exterior é remota. O ex-presidente se tornou réu na ação penal que investiga a suposta participação em um golpe após as eleições de 2022, e sua postura diante da Justiça é vista como cuidadosa.
Postura cautelosa frente à Justiça
A postura de Jair Bolsonaro, de acordo com fontes que acompanham o julgamento, é tida como ‘cautelosa’. Para alguns dos membros da Corte, Bolsonaro é considerado um “bom réu”, pois tem respeitado o andamento dos processos judiciais sem demonstrar qualquer intenção de fuga. Um dos exemplos que reforça essa visão é o fato de que ele tem acompanhado quase todas as oitiva das testemunhas de acusação e defesa que foram realizadas no âmbito da ação relacionada à trama golpista.
As oitivas ocorreram por videoconferência, permitindo que os convidados, incluindo os acusados, seus advogados e representantes do Ministério Público, participassem ativamente do processo. A imagem de Bolsonaro à frente da webcam na sessão foi divulgada pelo STF nesta terça-feira, destacando sua presença e envolvimento.
Saída controversa da deputada Zambelli
Por outro lado, a deputada Carla Zambelli, em entrevista concedida à Rádio Auriverde, confirmou sua saída do Brasil, inicialmente alegando motivos de saúde, mas também insinuando que está sendo alvo de “perseguição judicial” após ter sido condenada a 10 anos de prisão pelo STF. Segundo informações da assessoria da parlamentar, ela estaria atualmente na Flórida, nos Estados Unidos.
As investigações em andamento apontam que a parlamentar pode ter deixado o Brasil por uma rota terrestre, passando por Foz do Iguaçu, no Paraná, antes de cruzar a fronteira com a Argentina e seguir para Ezeiza, na província de Buenos Aires. A partir de lá, ela embarcou com destino aos Estados Unidos.
Consequências da condenação
A saída de Zambelli desencadeou reações na Procuradoria-Geral da República (PGR), que solicitou a prisão preventiva da parlamentar, considerando que sua fuga poderia ser relacionada à motivação de sua viagem. Apesar de já ter sido condenada, ela ainda pode recorrer da decisão, o que torna a situação jurídica dela ainda mais complexa.
Nesta quarta-feira, o ministro Alexandre de Moraes atendeu ao pedido da PGR e determinou a prisão preventiva de Carla Zambelli, afirmando que o “intuito criminoso” da deputada “permanece ativo e reiterado”. Moraes também destacou que Zambelli continua a disseminar informações falsas e a atacar as instituições do Judiciário, mesmo que de forma confusa e irregular.
A dualidade de situações entre Bolsonaro e Zambelli levanta questões sobre os possíveis desdobramentos legais e a resposta das instituições ao que se considera uma crise institucional. Enquanto Bolsonaro opta por uma postura de respeito às normas, a atitude de Zambelli contrasta e provoca debates sobre o papel dos agentes públicos e as consequências de ações que possam ser vistas como tentativas de evadir a Justiça.
Este cenário lança luz sobre a atual feição política do Brasil, onde questões judiciais e a relação entre políticos e o sistema judiciário permanecem no centro do debate público. As atitudes do ex-presidente e da deputada revelam as diferentes estratégias diante de crises legais, cada uma com suas respectivas implicações para a Democracia e o Estado de Direito no país.
As ações dos membros do STF, bem como as decisões tomadas pela PGR, seguirão sendo monitoradas de perto pela sociedade, que cobra respostas claras e efetivas do sistema político e judicial. O momento é, sem dúvida, crucial para a história recente do Brasil, onde cada passo é observado com lupa e pode reverter ou intensificar as crises já existentes.