A agência de classificação de risco S&P Global manteve a nota da dívida pública do Brasil dois níveis abaixo do grau de investimento, indicando que o país não corre risco de calote no momento. A decisão foi comunicada nesta semana e deve permanecer por pelo menos alguns meses, com perspectiva estável de avaliação.
Situação fiscal e cenário externo
Em seu comunicado, a S&P destacou que espera um aumento na dívida líquida do governo devido a déficits fiscais elevados. Contudo, a desaceleração econômica, somada a juros altos, deve contribuir para a redução do déficit nas contas externas, equilibrando as preocupações fiscais. Segundo a agência, as exportações de commodities auxiliam na diminuição da necessidade de financiamentos externos.
“Nossa perspectiva estável equilibra a fraqueza do perfil fiscal do Brasil com os pontos fortes de sua política externa e monetária”, afirmou a S&P. A agência também ressaltou que o atual arcabouço fiscal, implementado em 2023, possui problemas de sustentabilidade no longo prazo.
Desafios e reformas futuras
A S&P advertiu que, se reformas necessárias para reequilibrar as contas públicas não forem feitas após as eleições presidenciais de 2026, há risco de redução da nota da dívida brasileira nos próximos dois anos. Entre os principais obstáculos estão a rigidez na estrutura de gastos públicos, com numerosas despesas obrigatórias vinculadas ao orçamento, e a alta dos juros, que elevado o custo do serviço da dívida.
“Em nossa opinião, as políticas voltadas para a consolidação fiscal promoveriam um ambiente de taxas de juros mais baixas, contribuindo para o crescimento econômico”, destacou a agência.
O Ministério da Fazenda não se manifestou publicamente sobre a decisão da S&P nesta semana.
Histórico da classificação e perspectivas
Em dezembro de 2023, a S&P elevou a nota da dívida brasileira de três para dois níveis abaixo do grau de investimento. Anteriormente, em 2018, a classificação permanecia três níveis abaixo. Outras agências de risco também elevaram a avaliação nos últimos anos, como a Fitch, que em julho de 2023 certificou a nota brasileira como dois níveis abaixo do grau de investimento, com perspectiva estável.
Por outro lado, a Moody’s reduziu a perspectiva da nota do Brasil de positiva para estável em maio de 2025, eliminando a possibilidade de o país obter até o fim do mandato o selo de bom pagador.
Próximos passos e impactos
Especialistas avaliam que a manutenção da avaliação pela S&P é um sinal de estabilidade em cenário de dificuldades fiscais, embora a ausência de reformas após 2026 possa afetar negativamente a nota futuramente. A expectativa é que o país continue buscando equilíbrio fiscal para evitar possíveis rebaixamentos e melhorar o ambiente de investimentos.
Para mais detalhes sobre a avaliação, acesse o site da Agência Brasil.