A recente decisão da deputada federal Carla Zambelli de se afastar do Brasil e solicitar a suspensão de seu mandato impactou o cenário político nacional e gerou um turbilhão de reações. Enquanto ela recebeu apoio nas redes sociais por parte de algumas lideranças do PL, a ausência de comentários de figuras proeminentes como Jair Bolsonaro e Sergio Moro chamou a atenção e levantou questões sobre a dinâmica interna entre os membros do partido e aliados do ex-presidente.
Apoios e silêncios no cenário político
Após anunciar sua saída do país, Zambelli contou com o apoio de deputados do seu partido, como Sóstenes Cavalcante (RJ) e Nikolas Ferreira (MG). Ferreiro, por exemplo, expressou em suas redes sociais que a Constituição brasileira restringe a prisão de deputados, enfatizando a legalidade do ato de Zambelli. “Não precisa gostar dela para admitir que isso é um ato ilegal”, afirmou, destacando a necessidade de um procedimento formal da Câmara dos Deputados em tais casos.
Entretanto, o silêncio de Jair Bolsonaro, ex-presidente da República, em relação à situação de Zambelli é notório. Em março do ano passado, Bolsonaro já havia se distanciado da deputada, a responsabilizando pela sua derrota para Lula nas eleições de 2022. O rompimento foi exposto em uma entrevista ao podcast “Inteligência Ltda”, onde o ex-presidente expressou sua insatisfação com Zambelli após a deputada tentar capturar um homem armado no dia anterior ao segundo turno das eleições. Zambelli, em resposta, disse ser “difícil aguentar o julgamento” daqueles que sempre defendeu.
O silêncio de Moro e a ruptura com Zambelli
Outro aliado que não comentou a saída de Zambelli foi Sergio Moro, que, além de ser conhecido por seu papel nas investigações da Lava-Jato, também foi padrinho do casamento da deputada em 2020. Durante a cerimônia, Moro a elogiou publicamente chamando-a de “guerreira”. Porém, a relação entre eles azedou rapidamente, culminando em um rompimento em que Moro a acusou de tentar articular sua própria indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF) junto a Bolsonaro. “Prezada, não estou à venda”, foi a enérgica resposta de Moro à época, indicando uma clara ruptura nos laços que mantinham.
Implicações para Zambelli e o futuro político
A saída de Zambelli do cenário político brasileiro levanta incertezas sobre sua futura posição e o impacto disso no partido e no governo atual. O apoio de seus colegas parlamentares é um sinal de que, mesmo em tempos tumultuados, há aqueles que defendem sua ação e suas posições ideológicas. Contudo, a reação mista e os silêncios de figuras chave como Bolsonaro e Moro indicam uma divisão mais profunda dentro do PL e uma possível reavaliação de lealdades pessoais e políticas.
Enquanto Zambelli busca apoio entre seus aliados, o cenário parece instável, e a pressão sobre o governo e o partido pode intensificar-se conforme mais detalhes sobre sua saída e seus próximos passos se tornem públicos. Por ora, a deputada permanece fora da ótica de muitos de seus antigos aliados e sob os holofotes da mídia, aguardando desdobramentos que podem moldar seu futuro político.
O silêncio de líderes chave ao redor de sua decisão pode refletir uma reavaliação mais crítica da situação, e resta saber como Zambelli lidará com a pressão e se conseguirá solidificar seu espaço no cenário político, ou se essa saída será o último capítulo de sua trajetória no Parlamento. As próximas semanas prometem ser decisivas para entender não apenas o futuro de Zambelli, mas também o futuro das alianças dentro do PL e da política brasileira como um todo.