Em entrevista concedida ao Metrópoles nesta quarta-feira (4), o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, destacou a trajetória do estado em relação à segurança pública e suas perspectivas políticas futuras. Casagrande, um proeminente líder do PSB, enfatizou a necessidade de uma união entre partidos progressistas, como o Cidadania e o PDT, para as eleições de 2026 enquanto reafirmava a exclusão do PT nesse arranjo. Além disso, destacou a importância de que o discurso sobre segurança pública seja retomado e apropriado por lideranças progressistas.
Os avanços na segurança pública no Espírito Santo
Durante a entrevista, o governador detalhou os resultados contundentes alcançados em segurança pública, com uma redução de 20% nos homicídios no estado em 2024. Ele atribuiu esse sucesso a um programa chamado Estado Presente, que ele pessoalmente lidera, promovendo reuniões mensais com líderes de segurança pública para analisar resultados e planejar ações futuras.
Casagrande reconheceu que o Espírito Santo enfrentou grandes desafios na última década em relação aos homicídios, chegando a estar entre os estados mais violentos do Brasil. “Quando assumi em 2011, o estado estava nas posições de maior violência. Desde então, temos trabalhado com a integração das forças de segurança e um forte investimento em infraestrutura e tecnologia”, disse.
Através da criação de um sistema onde coronéis e delegados são responsáveis por áreas específicas, o governo promoveu um trabalho articulado que visa não apenas a ação policial, mas todo um trabalho colaborativo que envolve saúde, educação e cultura. “O enfrentamento ao crime deve ser uma tarefa de todos,” afirmou o governador.
A questão da letalidade policial
Um dos pontos críticos abordados por Casagrande foi o aumento da letalidade policial, que cresceu entre 2023 e 2024 no estado. Ele reconheceu o fenômeno, mas destacou que a taxa ainda se encontra abaixo da média nacional. “Os grupos criminosos estão mais bem armados, o que aumenta a audácia e os confrontos,” explicou.
O governador afirmou que em eventos de confronto, a polícia deve sempre ter superioridade em termos de armamento e treinamento, o que nem sempre acontece quando confrontada por grupos armados. Sobre a prisão de três policiais militares relacionados à morte de um jovem, Casagrande foi enfático: “Qualquer ato de violência ou abuso será investigado e punido de forma rigorosa.” Ele ainda ressaltou a importância de testar câmeras corporais para proteger tanto a população quanto os próprios policiais.
Reaproximação da esquerda com a segurança pública
Durante a entrevista, Casper enfatizou que a esquerda deve se reaproximar da pauta da segurança pública, apresentando resultados concretos e mantendo um diálogo aberto com as forças de segurança e a população. “Precisamos falar sobre segurança de forma responsável, reafirmando que não daremos espaço para criminalidade,” argumentou.
Ao discutir o recente envio da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) ao Congresso Nacional pelo governo federal, Casagrande comentou que a iniciativa foi correta, mas questionou se haverá tempo suficiente para gerar resultados antes das próximas eleições. “A segurança pública é uma discussão que deve ser conduzida em conjunto, garantindo a unificação de esforços entre União, estados e municípios,” declarou.
Desafios políticos e futuros planos
Com a reeleição em andamento, Casagrande também apresentou suas aspirações para 2026. Ele ponderou sobre a possibilidade de continuar no governo ou concorrer ao Senado. “São duas possibilidades que vou decidir no início do ano que vem. O vice-governador Ricardo Ferraço seria meu sucessor caso eu opte por sair,” disse.
Ao final da entrevista, o governador reafirmou a importância da aliança política, destacando a necessidade de coligações amplas que reúnam diversas forças políticas no Espírito Santo. Ele acredita que as alianças serão essenciais para garantir a continuidade do seu trabalho e das políticas públicas que têm apresentado resultados positivos.
Com tantas questões em jogo, o futuro político e de segurança pública no Espírito Santo promete ser um tema de intenso debate e acompanhamento nos próximos anos.