Os recentes resultados da pesquisa Genial/Quaest revelam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus aliados podem ter um novo motivo para esperar que Jair Bolsonaro insista em candidatar-se à presidência nas eleições de 2026. O que parecia um cenário distante pode ganhar relevância à luz das estratégias utilizadas nas eleições passadas. Esse cenário levanta questões importantes sobre a dinâmica política brasileira e as ações que precedem o próximo pleito.
Relembrando a estratégia de 2018
Na eleição presidencial de 2018, Lula foi um exemplo notável ao insistir em registrar sua chapa, mesmo depois de ser considerado inelegível por conta de condenações. Ele foi apresentado ao público no horário eleitoral como candidato, mesmo à distância, e somente deixou a corrida quando foi oficialmente afastado pela Justiça Eleitoral, muito próximo da data das eleições. Essa estratégia de captar atenção e manter relevância política, mesmo em condições adversas, pode voltar a ser uma tática utilizada, agora, por Bolsonaro.
Possíveis movimentos de Bolsonaro
Atualmente, a situação sugere que Bolsonaristas estão considerando a possibilidade de que Bolsonaro faça o mesmo movimento que Lula fez em 2018, reinscrevendo-se como candidato apesar da inelegibilidade confirmada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em resposta aos ataques direcionados às urnas eletrônicas. Ao seguir esse caminho, o ex-presidente poderia se manter na agenda política, garantindo que seu nome apareça nas urnas e não dando espaço para que outra liderança da direita brasileira se estabeleça.
Um bastão que pode ser passado
Caso Bolsonaro efetivamente decida seguir esse percurso, ele poderia nomear um vice que carregasse o sobrenome Bolsonaro, o que garantiria a continuidade de sua presença no cenário político. Nomes como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o filho Eduardo estão entre as opções, mas ambos enfrentam resistência dentro do grupo do ex-presidente. A ex-primeira-dama, por exemplo, é vista como uma apostada para o Senado, enquanto Eduardo indicou que poderia aceitar se essa fosse sua missão determinada por Jair.
A rejeição como fator determinante
A pesquisa da Quaest também trouxe à tona um fator crucial: a alta taxa de rejeição, que, no caso de Eduardo, alcança 56%, algo que representa um desafio, especialmente nas disputas de segundo turno. Michelle, com 51% de rejeição, também se encontra em uma posição delicada, mais próxima do que Lula enfrenta, que é 57%. Essas estatísticas podem se tornar um empecilho significativo para qualquer candidato que não consiga conquistar a confiança do eleitorado.
Alternativas dentro do cenário político
Outro possível caminho sugerido por bolsonaristas é a indicação de um dos quatro governadores aliados como candidato. Entre os nomados estão Tarcísio de Freitas, Ratinho Júnior, Ronaldo Caiado e Romeu Zema. Contudo, essa opção inclui uma renúncia complicada ao cargo atual, resultando em um tempo de espera até que possam se candidatar, o que pode não ser viável para todos os envolvidos, especialmente para Tarcísio, que está em seu primeiro mandato.
Um futuro incerto, mas promissor
Uma interessante observação nessa pesquisa é que, ao contrário de Michelle e Eduardo, os governadores testados têm uma taxa de rejeição que não ultrapassa 33%, além de possuírem um maior grau de desconhecimento no eleitorado, sugerindo que há espaço para crescimento na intenção de voto, caso Bolsonaro decida apoiar um candidato logo no início da corrida eleitoral.
Apesar dos desafios, o importante é que os dados da Quaest deixam claro que um confronto com um candidato que carregue o sobrenome Bolsonaro no segundo turno poderá representar uma grande oportunidade para Lula. O Brasil pode retornar a um cenário onde as altas taxas de rejeição se tornam protagonistas, semelhante ao que foi observado nas últimas eleições de 2022, criando um ciclo que poderá se repetir e impactar significativamente o processo eleitoral brasileiro.
Enquanto o próximo pleito se aproxima, permanece a expectativa sobre como se desenharão as estratégias políticas e quais serão as manobras que moldarão a competição pelo Palácio do Planalto.