A situação da deputada Carla Zambelli (PL-SP) se tornou um tema polêmico no Congresso Nacional após a parlamentar deixar o Brasil, fugindo de um mandado de prisão preventiva emitido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), optou por não se manifestar sobre o caso, gerando uma série de questionamentos e reações tanto de apoiadores quanto de opositores.
A ausência de pronunciamento de Hugo Motta
Desde que Zambelli anunciou sua saída do país na última terça-feira (4/6), Motta tem evitado abordar a questão em suas aparições. A equipe do presidente da Câmara foi contatada pelo Metrópoles em busca de um posicionamento sobre a situação, mas até o fechamento desta matéria, não houve retorno. O silêncio de Motta nas dependências do Congresso gerou tensões, especialmente entre os opositores que defendem a parlamentar como uma “vítima de perseguição”.
A oposição, por sua vez, criticou a postura silenciosa do presidente da Câmara. Em uma nota divulgada na quarta-feira (4/6), enfatizaram a gravidade da situação e solicitaram que Motta se manifestasse urgentemente. “A presidência da Câmara dos Deputados tem o dever constitucional, institucional e moral de se manifestar com firmeza e urgência”, declarou a liderança da oposição.
Contexto da condenação e fuga de Zambelli
A trajetória de Zambelli, que culminou em sua saída do Brasil, passou por eventos marcantes nos últimos meses. Em 15 de maio, a Primeira Turma do STF a condenou por unanimidade a uma pena de 10 anos de prisão e a perda do mandato, devido à sua participação na invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A partir desse momento, a situação se agravou. Durante uma coletiva após a condenação, a deputada alega que não sobreviveria à prisão, citando problemas de saúde.
A relação entre a Câmara e a decisão do STF é delicada. Embora a perda do mandato tenha sido determinada, a cassação efetiva só pode ser realizada pelo Congresso. Com a condenação, Zambelli se tornou inelegível por oito anos. A defesa da deputada ainda recorreu da decisão, apresentando embargos declaratórios.
O anúncio da fuga e pedido da PGR
Na terça-feira (3/6), Zambelli confirmou em uma entrevista ao canal AuriVerde, no YouTube, que havia deixado o Brasil. Durante a fala, justificou sua saída em busca de tratamento médico e anunciou seu desejo de se afastar do cargo, embora ainda não formalizasse a licença.
Após a veiculação da entrevista, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a sua prisão preventiva, que foi rapidamente acatada pelo ministro Alexandre de Moraes do STF. Além disso, Moraes determinou que Zambelli fosse incluída na lista vermelha da Interpol, o que a torna alvo de um alerta internacional para sua prisão.
Consequências da decisão do STF
A decisão do STF também implicou em severas medidas cautelares contra a deputada. Moraes ordenou o bloqueio de diversos bens e ativos de Zambelli, incluindo:
- Passaportes, incluindo o diplomático;
- Salário e verba de gabinete;
- Bens imóveis e veículos;
- Contas bancárias e ativos financeiros;
- Redes sociais, com imposição de multa diária caso sejam mantidas em funcionamento.
Essas ações reforçam a gravidade do quadro da deputada, que se vê em um caminho incerto na Europa, onde prevê ficar e “denunciar a ditadura” que afirma existir no Brasil.
Com o desenrolar de um clima tenso no Congresso e a crescente pressão sobre a liderança de Hugo Motta para que se posicione, a situação de Carla Zambelli continua a ser um assunto de grande relevância política e social no Brasil.