Brasil, 6 de junho de 2025
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Discurso de Lula na Paraíba e a percepção do governo na população

A fala de Lula sobre a divindade em sua eleição gera debate enquanto pesquisas revelam insatisfação popular.

Na recente inauguração da nova etapa da transposição do Rio São Francisco, na Paraíba, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma declaração que reverberou pelo cenário político brasileiro. Durante seu discurso, Lula afirmou que “Deus deixou o sertão sem água” porque sabia que ele seria eleito presidente. “Somente uma pessoa que tinha passado fome, somente uma pessoa que, com 7 anos de idade, carregava pote de água na cabeça, poderia trazer água pra cá”, comentou, colocando em evidência sua trajetória pessoal e a conexão espiritual que acredita ter com o seu papel na política.

A reação da oposição e da população

Embora a afirmação tenha gerado algumas críticas por parte da oposição – como era de se esperar – a repercussão não foi tão intensa. Uma possível razão é que os brasileiros parecem ter se acostumado com a retórica mais messiânica de Lula. Esta não é uma prática nova entre políticos brasileiros; Jair Bolsonaro, por exemplo, também fez uso de linguagem e referências de caráter religioso durante seu mandato.

No entanto, a realidade do governo Lula, conforme apontam dados relevantes de pesquisa, é bem diferente da narrativa de esperança e redenção que o presidente tenta construir. Uma pesquisa recente da Genial/Quaest revelou que 60% da população não conhece iniciativas recentes do governo, e 61% acreditam que o Brasil está indo na direção errada. Assim, a fala de Lula, embora marcante, pode não ter impactado a percepção pública da maneira que ele esperava.

O aumento da insatisfação popular

Adicionalmente, a pesquisa revelou que 70% das pessoas consideram que Lula não tem cumprido suas promessas de campanha. A corrupção, que tinha sido um dos principais pontos de crítica nas eleições, agora vem ganhando espaço nas preocupações da população, aumentando de 8% para 13% desde janeiro. O sentimento de insatisfação é ainda mais evidente quando se considera que 45% dos entrevistados afirmam que seu governo está “pior do que esperavam”.

Investigação sobre fraudes no INSS

A corrupção no governo não é apenas um sentimento, mas também uma preocupação concreta, especialmente após o roubo das aposentadorias do INSS, que 82% da população reconhece. Quase um terço acredita que a culpa das fraudes é do governo, enquanto 14% atribuem a culpa ao próprio INSS. Além disso, metade dos entrevistados apoia a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os desvios.

Desafios econômicos e a falta de liderança

No campo econômico, a insatisfação se intensifica. Contudo, os governistas tentam destacar que a avaliação da economia melhorou levemente, com um aumento de 2 pontos percentuais entre os que veem alguma melhora. Entretanto, a inflação segue alta, e a eficácia do governo em implementar mudanças significativas ainda é questionada. O projeto que isenta de Imposto de Renda os que ganham até R$ 5 mil está engatilhado para 2026, mas ainda não teve uma proposta consistente que justifique a compensação das receitas perdidas.

A falta de liderança e a dificuldade em equilibrar as contas públicas são vistas como obstáculos significativos para o governo. As mudanças nas regras do IOF, junto com o controverso projeto de lei que flexibiliza os ritos do licenciamento ambiental, demonstram uma desorganização na condução do governo, reforçando a dificuldade de Lula em manter uma narrativa de progresso.

A percepção de esperança e fé na política

É interessante notar que, enquanto a fala de Lula poderia ser vista como um apelo à fé e esperança, muitas pessoas estão se perguntando se essa perspectiva é suficiente diante de problemas concretos enfrentados pela população. O elo entre discurso e realizações tem se tornado mais frágil, e a repetição de narrativas do passado não parecem colar nas esperanças de um futuro melhor. O estranhamento em relação à retórica messiânica de Lula não parece se dar apenas pela falta de evidências tangíveis, mas também pelo longo histórico de promessas não cumpridas que assola a política brasileira.

Esse ciclo de expectativa e desapontamento leva a uma fatídica questão: será que o discurso de Lula ainda ressoa em um Brasil que clama por mudanças reais e eficazes? Ao olhar para as próximas eleições, a habilidade de Lula em equilibrar fé, esperança e resultados tangíveis será colocada à prova.

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