Na Pontifícia Universidade Gregoriana, um congresso reuniu budistas, cristãos, hindus, jainistas e sikhs. A abertura dos trabalhos ficou a cargo do cardeal George Jacob Koovakad, prefeito do Dicastério para o Diálogo Inter-religioso. Diante da “perda de esperança das massas”, o papel dos crentes é “renovar e reacender a esperança nas mentes e nos corações das pessoas”, segundo uma “responsabilidade coletiva”.
O chamado à esperança em um mundo dividido
No último dia 5 de junho, a conferência internacional “Budistas, cristãos, hindus, jainistas e sikhs: em diálogo e colaboração para renovar e reacender a esperança em nossos tempos” foi realizada em Roma. O evento, promovido pelo Dicastério para o Diálogo Inter-religioso e pelo Centro de Estudos Inter-religiosos da Pontifícia Universidade Gregoriana, contou com a colaboração de diversas organizações religiosas, incluindo a União Hindu Italiana e a União Budista Italiana.
Com um histórico de diálogo inter-religioso que remonta a 2018 na Itália, o congresso surge em um contexto marcado por crises globais como guerras, individualismos e a crescente sensação de desesperança. Durante a cerimônia, o cardeal Koovakad fez uma reflexão sobre a importância do documento do Concílio Vaticano II, a Nostra Aetate, que em seu 60º aniversário continua a ser um guia para o respeito e a colaboração entre diferentes tradições religiosas.
A voz dos líderes religiosos
Após a cerimônia de abertura, o padre Giuseppe Di Luccio, presidente do Collegium Maximum da Gregoriana, agradeceu a presença dos participantes e fez um momento de silêncio em memória do Papa Francisco. O cardeal Koovakad, ao abordar a situação atual do mundo, expressou preocupação com a “perda de esperança das massas” devido a uma variedade de problemas, como a pobreza, o desemprego, e os conflitos gerados por diferenças étnicas e religiosas.
Ele enfatizou que a responsabilidade dos crentes consiste em “renovar e reacender a esperança”. “Diante do pessimismo e cinismo que se espalham, devemos agir coletivamente”, afirmou o cardeal. Essa mensagem foi ecoada por muitos dos líderes presentes, que ressaltaram a necessidade de um diálogo construtivo entre as diversas tradições.
Mensagens de esperança e responsabilidade
Franco di Maria Jayendranatha, presidente da União Hindu Italiana, observou que o diálogo inter-religioso é fundamental para enfrentar os desafios contemporâneos. Ele destacou que a união entre pessoas de diferentes credos pode gerar um entendimento melhor e mais profundo sobre as questões que nossa sociedade enfrenta.
Já a monja hindu Svamini Shuddhananda Ghiri destacou a importância de agir conscientemente pelo bem comum, enquanto Filippo Scianna, presidente da União Budista Italiana, alertou para a escassez da esperança no mundo atual. Scianna instou os participantes a redescobrir esse valor essencial por meio da reflexão e do diálogo.
Além disso, Mehool Sanghrajka, do Instituto de Jainologia, compartilhou a visão jainista sobre a vida e a importância de entender o karma como algo que molda nossas experiências e realidades. Para ele, a esperança não é apenas um sentimento, mas uma prática que devemos cultivar continuamente.
Gursharan Singh, da Sikhi Sewa Society, enfatizou a importância do respeito mútuo e do serviço como pilares para reencontrar a paz. “Em tempos de divisão, reencontrar-se é uma chama na noite”, afirmou. Assim, a mensagem que permeou o congresso foi clara: a esperança pode ser reacendida por meio do diálogo sincero e da colaboração entre as diversas tradições religiosas.
O encontro na Pontifícia Universidade Gregoriana não só reafirma a importância do diálogo inter-religioso como também nos lembra que, diante das adversidades do mundo, é possível renovar a esperança e trabalhar juntos pelo bem comum. Ao final, a atmosfera do congresso foi marcada por um sentimento de união e a determinação de cultivar um futuro mais esperançoso e inclusivo.