Nesta quinta-feira, o ex-presidente Jair Bolsonaro prestou depoimento à Polícia Federal (PF) e, durante sua fala, confirmou que transferiu “bastante dinheiro legal” para seu filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que atualmente reside nos Estados Unidos. O depoimento está relacionado a um inquérito que investiga se Eduardo teria buscado sanções contra autoridades brasileiras junto ao governo Donald Trump, além de seu suposto envolvimento em tentativas de golpe de Estado, em que Jair Bolsonaro é réu.
O valor e a justificativa da transferência
Bolsonaro revelou que transferiu cerca de R$ 2 milhões para a conta do filho, justificando que era uma maneira de garantir o bem-estar da família, especialmente com a presença de dois netos, um de quatro anos e outro de um ano. “Lá fora tudo é mais caro. Eu não quero que ele passe por dificuldades”, disse o ex-presidente ao deixar a PF em Brasília após um depoimento que durou aproximadamente duas horas. Embora faça menção a um valor elevado, Bolsonaro afirmou que essa quantia pode não ser tão significativa nos Estados Unidos, onde seria equivalente a cerca de 350 mil dólares.
Origem dos recursos enviados
O ex-presidente informou que o montante transferido ao filho faz parte dos R$ 17 milhões que recebeu de apoiadores via PIX em 2023, em uma campanha para quitar multas que ele acumulou durante sua gestão, especialmente relacionadas à pandemia de Covid-19. Bolsonaro se defendeu, afirmando que não se tratava de “lobby”, mas sim de uma ação visando a defesa de valores democráticos e de direitos humanos.
Eduardo Bolsonaro e o inquérito em andamento
A investigação em curso pela PF apura supostos crimes relacionados à tentativa de obstruir investigações de organizações criminosas e à coação no decorrer dos processos judiciais. Eduardo Bolsonaro, que se encontra em licença do cargo e reside nos Estados Unidos, foi intimado a prestar esclarecimentos sobre sua atuação em território americano. O ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo inquérito, permitiu que as respostas sejam enviadas por escrito, considerando a distância do deputado.
Acusações e respostas de Bolsonaro
Durante o depoimento, Bolsonaro foi questionado sobre a situação da deputada Carla Zambelli, também do PL-SP, que teve sua prisão decretada pelo STF. Ele negou ter qualquer ligação com as ações de Zambelli relacionadas à saída do Brasil rumo à Europa, enfatizando que não fez “nenhum PIX” para a parlamentar foragida. Na investigação, seu nome foi citado como beneficiário direto de ações de seu filho, o que foi confirmado por Jair em seu depoimento.
Além disso, o advogado Paulo Bueno, que acompanhou Bolsonaro, salientou que as potenciais sanções que Eduardo possa buscar no governo dos EUA poderão estar ligadas a outros motivos, como questões de liberdade de expressão e direitos humanos, e não necessariamente ao caso do golpismo ao qual o pai está sendo investigado.
Impacto político e futuro da investigação
A investigação continua a ser um tema central na política brasileira, uma vez que pode resultar em consequências significativas para os dois Bolsonaro. Recentemente, o líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias, sublinhou que as ações de Eduardo visam intimidar e atacar simbolicamente instituições, como o STF, e pediu que seus bens e contas sejam bloqueados para evitar que continue a financiar ações no exterior. Farias descreveu a situação como um “golpe continuado”, assegurando que as instituições precisam agir firmemente para restabelecer a ordem e a legalidade.
O cenário atual reforça a tensão política no Brasil, enquanto o ex-presidente afirma que a perseguição judicial que enfrenta permanece ativa. As investigações em curso prometem desenvolver um enredo complicado entre a política, a família Bolsonaro e a busca por responsabilização judicial nas altas esferas da administração pública.