O rapper e influenciador cultural Marlon Brendon Coelho Couto, conhecido como MC Poze do Rodo, foi libertado neste terça-feira (3) após cinco dias de reclusão. O cantor, que estava detido no presídio Bangu 3, no Complexo de Gericinó, obteve um habeas corpus que resultou na sua soltura, embora sob a imposição de algumas condições cautelares. Ao deixar a prisão, Poze expressou sua indignação contra a atuação da Polícia Militar e Polícia Civil do Rio de Janeiro.
A recepção tumultuada na saída da prisão
A saída de Poze do Rodo atraiu uma multidão de fãs ansiosos em frente ao presídio, gerando um cenário caótico. A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) teve que instalar grades para controlar a aglomeração. A Polícia Militar, em um esforço para conter a multidão, utilizou spray de pimenta e, mesmo após a saída do artista, foram reportados o uso de bombas de efeito.
Em sua declaração após a liberdade, Poze exclamou: “Eu sou trabalhador e artista. Inclusive, eu saindo lá agora, uma recepção maravilhosa, de milhares de fãs, e o tratamento foi spray de pimenta e tiro de borracha na cara. Aí eu me pergunto: eu que sou bandido?” Sua voz ressoou entre os presentes, refletindo a frustração e o trauma que ele e sua família enfrentaram durante as ações policiais.
Críticas às ações da polícia e reflexões pessoais
MC Poze também abordou a questão da criminalização que ele e sua família têm enfrentado. “Meus filhos pequenos têm trauma de polícia. Se meus filhos veem a polícia, eles choram”, desabafou, pedindo que a polícia parasse de perseguir sua família. Para ele, a luta em sua vida não é fruto de atividades ilícitas, mas sim do esforço e trabalho duro: “Eu tive minha luta, fui atrás, corri para construir meu castelo. Não é com dinheiro de nada de errado, não.”
O artista enfatizou a importância de sua arte e a necessidade de ser tratado com dignidade, soltando críticas contundentes sobre como seus fãs foram tratados pelas autoridades durante o tumulto: “Spray de pimenta nos meus fãs? Tiro de borracha nos meus fãs?” Ele se posicionou contra a desumanização que sentiu, questionando quem é de fato o criminoso na situação. “Aí eu pergunto para vocês, quem é traficante? É nós? Tem certeza?”
As condições de sua liberdade e as investigações em curso
Embora tenha sido libertado, Poze está sob vigilância judicial e deve cumprir diversas condições estabelecidas pelo tribunal. Ele deve comparecer mensalmente ao juízo, não se afastar da comarca, além de informar mudanças de endereço e proibir comunicação com pessoas investigadas no mesmo inquérito. MC Poze está sendo investigado por suposta apologia ao crime e associação com o tráfico de drogas, especialmente envolvendo a facção Comando Vermelho.
A decisão favorável à sua libertação foi do desembargador Peterson Barroso, que argumentou que a prisão não era imprescindível para o andamento da investigação em curso. Os advogados do cantor alegam que ele é alvo de uma narrativa de criminalização do seu estilo musical e que suas letras e apresentações estão sendo mal interpretadas.
Os desafios enfrentados pelo MC Poze e sua carreira
MC Poze do Rodo se tornou uma figura proeminente dentro do funk, e sua música frequentemente reflete as questões sociais, desafios e vivências relacionadas à vida nas comunidades carentes do Rio de Janeiro. Os desafios enfrentados por ele, incluindo sua recente prisão e a resposta da polícia, ilustram uma luta maior que vai além da música, envolvendo questões de classe, raça e poder no Brasil.
O impacto de sua libertação e as reações do público evidenciam o apoio que ele recebe de seus fãs, mas também expõem as fragilidades do sistema de justiça e segurança em relação aos artistas que se posicionam critiquem as estruturas sociais.
As próximas etapas na vida de MC Poze do Rodo não só irão influenciar sua carreira, mas também como ele será percebido em um cenário cultural que muitas vezes marginaliza artistas de favelas e gêneros alternativos. Famílias e fãs se uniram para apoiar sua causa, demonstrando que sua música e presença são significativas para muitos que se veem refletidos em suas histórias.