O governo federal analisa as recentes repercussões da pesquisa do instituto Quaest, divulgada nesta quarta-feira, que mostra um cenário delicado para a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A crise provocada pela revelação de fraudes no INSS, que ganhou destaque no final de abril, é considerada um fator crucial que impediu uma possível melhora na popularidade do governo, que apresentava sinais de recuperação nas pesquisas internas.
A avaliação da gestão Lula
Segundo a avaliação do Palácio do Planalto, a desaprovação da gestão Lula se manteve estável, com uma oscilação de 56% para 57% entre a população, em comparação aos dados de março. A pesquisa revelou que as fraudes no INSS foram a notícia negativa mais impactante para os entrevistados, com 10% das menções.
Além disso, a avaliação entre a população de baixa renda, que historicamente tende a apoiar governos do Partido dos Trabalhadores (PT), sofreu uma queda significativa. Dois fatores foram apontados por assessores do presidente como determinantes para essa deterioração: o preço dos alimentos e a propagação de notícias falsas nas redes sociais.
O impacto do preço dos alimentos
O governo acredita que o aumento dos custos dos alimentos tem um peso desproporcional para as famílias que vivem com até dois salários mínimos. Embora tenha havido uma leve diminuição na proporção de pessoas que relatam o aumento no preço dos alimentos (de 88% em março para 79%), essa questão continua a influenciar negativamente a percepção da gestão. O preço da alimentação tem um impacto diretíssimo no orçamento dessas famílias, tornando-as mais vulneráveis a crises econômicas.
O papel das redes sociais na comunicação com a população
Um segundo fator que preocupa o governo é a disseminação de ataques e desinformação pelos meios digitais. Os assessores de Lula argumentam que a população mais pobre, que consome principalmente informações via dispositivos móveis, é especialmente suscetível a mensagens manipuladas pela oposição. Essa vulnerabilidade pode favorecer a perpetuação de uma imagem negativa do governo, mesmo em meio a eventuais avanços em outras áreas.
Esperança nas mudanças econômicas
Por outro lado, a pesquisa da Quaest trouxe dados mais otimistas sobre a economia, que são vistos como um sinal de esperança para o governo. O levantamento mostrou uma queda na percepção de que a economia piorou, reduzindo de 56% para 48% a fatia da população com essa impressão. Este dado indica uma ligeira mudança nas expectativas econômicas, o que pode refletir em um aumento gradual na popularidade do presidente ao longo dos próximos meses.
O avanço em termos de mensurações sobre a economia é um ponto de alicerce para a gestão, especialmente diante dos desafios impostos pela crise do INSS e pela inflação persistente. A equipe de Lula acredita que, à medida que os cidadãos começarem a perceber melhorias nas condições econômicas, a desaprovação poderá diminuir, possibilitando um novo ciclo de recuperação na avaliação da gestão.
O caminho a seguir
Para que isso aconteça, o governo precisará endereçar de forma eficaz as preocupações da população, especialmente no que diz respeito ao custo de vida e à segurança social. Fortalecer a comunicação com a população, especialmente nas redes sociais, também é essencial para combater a desinformação e transmitir uma imagem positiva das ações realizadas pelo governo.
Com um cenário político instável, é fundamental que a gestão Lula utilize todos os recursos disponíveis para melhorar a percepção pública e continuar a avançar em sua agenda política e econômica. O futuro da popularidade do governo depende em grande parte da capacidade de manejar crises e se conectar com a população em suas reais preocupações e necessidades.
As próximas semanas e meses serão cruciais para determinar se o governo conseguirá contornar esses desafios e reverter o quadro atual, colocando em prática medidas que tenham um efeito positivo e duradouro na vida dos brasileiros.