Brasil, 5 de junho de 2025
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A greve da Avibras completa mil dias em meio a crise financeira

A greve na Avibras, maior indústria bélica do Brasil, chega a mil dias com salários atrasados e negociações incertas.

A Avibras, considerada a maior indústria bélica do Brasil, enfrenta uma grave crise financeira que culminou em uma greve histórica de seus funcionários. Desde o dia 9 de setembro de 2022, os cerca de 900 trabalhadores da planta localizada em Jacareí, São Paulo, cruzaram os braços em protesto contra os atrasos salariais que já somam 26 meses. Este cenário crítico completa exatamente mil dias nesta quarta-feira, dia 4 de junho de 2025, colocando os holofotes sobre os desafios enfrentados pela empresa e os anseios dos funcionários.

O início da greve e a situação atual

A greve teve início em um momento de descontentamento geral dos trabalhadores, motivados por dois meses de salários atrasados. A situação financeira da Avibras, que registrou dívidas acumuladas de aproximadamente R$ 600 milhões, levou a empresa a solicitar recuperação judicial, complicando ainda mais a relação com seus funcionários. Durante esses mil dias, os trabalhadores foram forçados a protestar por seus direitos, incluindo bloqueios de rodovias e manifestações em frente a instituições financeiras e até mesmo à residência do proprietário da empresa.

Os impactos da crise financeira na Avibras

A Avibras, fundada em 1961 e responsável pela construção de aeronaves e desenvolvimento de tecnologia aeroespacial para fins tanto civis quanto militares, viu suas operações significativamente comprometidas. A planta começou com cerca de 1.400 empregados, mas atualmente conta com aproximadamente 900, evidenciando a redução drástica de pessoal como uma consequência direta da instabilidade financeira.

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos tem sido um forte aliado dos trabalhadores, organizando diversas ações em busca de soluções para os problemas enfrentados. Um dos pontos críticos discutidos nas assembleias foi a necessidade de garantir condições dignas de trabalho e a atualização salarial dos funcionários após longos períodos de inatividade e insegurança financeira.

Negociações e esperanças futuras

Recentemente, surgiram novas perspectivas com a Brasil Crédito, uma das credoras da Avibras, que propôs um plano alternativo de recuperação judicial. Este plano inclui a destituição do atual proprietário e a nomeação de um interventor judicial, além de promessas de pagamento parcelado das dívidas trabalhistas que incluem salários atrasados, 13º salário e FGTS em até 48 meses. Entretanto, mesmo com a aprovação desse plano, a continuidade da greve foi mantida, refletindo a desconfiança dos trabalhadores diante das promessas de recuperação.

As negociações com a Brasil Crédito também envolvem a conversão das multas trabalhistas em ações da nova Avibras, o que promete dar aos trabalhadores um certo grau de propriedade e participação nos rumos da empresa, caso a recuperação seja bem-sucedida.

Histórico de tentativas de venda da Avibras

Ao longo dos últimos meses, diversas tentativas de venda da empresa foram realizadas, incluindo propostas de empresas australianas e brasileiras, que acabaram não se concretizando. Mais recentemente, em janeiro deste ano, houve negociações com uma empresa saudita, a Black Storm Military Industries, mas até o momento, nada foi oficialmente fechado. A situação continua incerta, e a instabilidade tem deixado os funcionários numa expectativa angustiante por soluções concretas.

Conclusão: o futuro da Avibras e de seus funcionários

A Avibras, uma referência na indústria bélica nacional, encontra-se à beira de um colapso. A greve que se estendeu por mil dias é um reflexo da luta não apenas por salários, mas pela dignidade dos trabalhadores e pela sobrevivência de uma empresa com um legado significativo na indústria de defesa do Brasil. As próximas semanas serão cruciais para definir se a Avibras conseguirá se reerguer e garantir não apenas sua continuidade operacional, mas também proporcionar condições justas aos seus funcionários, que merecem segurança e direitos trabalhistas respeitados.

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