O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tornou-se o chefe do Executivo estadual mais mencionado na internet entre janeiro e maio deste ano. Essa informação é fruto de um ranking de exposição digital elaborado pela consultoria Imagem Corporativa. O levantamento revela que, embora os políticos cogitados como possíveis candidatos à presidência em 2026 sejam os mais comentados nas redes, o saldo dessa exposição geralmente se mostra mais negativo do que positivo.
Análise das menções: números e contextos
Os pesquisadores são responsáveis pela coleta de quase 60 mil publicações e mais de 200 mil menções a governadores estaduais e do Distrito Federal em diversas plataformas de conteúdo noticioso e nas redes sociais. Tarcísio de Freitas ocupa a primeira posição com 29,8% do total, seguido pelo governador de Goiás, Rodrigo Caiado (União), com 14,7%, e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), com 8,4%. Destaca-se que Tarcísio se destaca como o único nome da esquerda entre os cinco primeiros – o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), registra 4,3%, e o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), aparece com 4,1%.
Além disso, dos nomes cogitados para a disputa presidencial, o governador do Paraná, Ratinho Júnior, figura no nono lugar, com 3,2%. A pesquisa demonstra que a notoriedade dos políticos não se traduz em uma imagem positiva. O índice que mensura o caráter qualitativo do conteúdo gerado sobre os governadores resulta em uma média negativa, somando 91 pontos. Apenas cinco dos 27 governadores ultrapassam a barreira de 150 pontos.
Comparação entre presidenciáveis: Tarcísio e seus concorrentes
Quando se analisa a comparação entre os possíveis presidenciáveis, Ratinho Júnior apresenta um desempenho superior, por ser o único com predominância de menções positivas, obtendo 123 pontos. Tarcísio de Freitas e Caiado, por sua vez, alcançam 66 e 87 pontos, respectivamente, enquanto Zema se vê na lanterna com apenas 56 pontos. Na avaliação geral, Tarcísio ocupa a penúltima posição, sua melhor avaliação foi em janeiro, quando alcançou 78 pontos, e a pior em manifestações públicas em apoio a Bolsonaro, culminando em 54 pontos.
Rodrigo Caiado, em contrapartida, chegou a alcançar 110 pontos em fevereiro, período quando lançou sua pré-candidatura à presidência. Sua imagem, no entanto, foi impactada por eventos políticos que desagradaram a população local. Por outro lado, Romeu Zema manteve um desempenho mais estável, embora tenha começado o ano como o mais mencionado, sua popularidade caiu ao não participar de eventos com a presença de Lula.
A polarização política e suas consequências
O diretor de pesquisas e tendências da Imagem Corporativa, Alessandro Janoni, reforça a ideia de que a polarização política está diretamente ligada à imagem dos governadores, demonstrando que eventos vinculados a figuras proeminentes como Lula e Bolsonaro podem tanto elevar quanto danificar a imagem dos políticos. “Esse estudo evidencia que os presidenciáveis têm mais espaço na imprensa, o que também se reflete nas redes. A exposição de Tarcísio, por exemplo, alternou entre altos e baixos em eventos pró-Bolsonaro e eventos vinculados a Lula”, destaca Janoni.
Fontes de menção e sua eficácia
O estudo aponta que 73% das menções a governadores provêm de portais de notícias, enquanto 27% são resultado de postagens em redes sociais. Os picos de menções a Tarcísio, que lidera pelo peso demográfico do Estado de São Paulo, foram notados em 27 de fevereiro, quando atingiu 2 mil citações diárias. Um dos fatores que contribuíram para isso foi a repercussão de uma pesquisa que mostrava Lula com uma ligeira vantagem em um possível cenário de segundo turno contra Tarcísio.
Embora os governadores tentem administrar sua imagem em um cenário político polarizado, a comparação entre os índices de menções e a participação populacional revela nuances importantes. Tarcísio, por exemplo, esteve em destaque no lançamento de um túnel entre Santos e Guarujá, um evento amplamente coberto pela mídia, sugerindo uma relação direta entre as iniciativas políticas e a percepção pública.
Reflexões sobre a presença em eventos públicos
Janoni sugere que os governadores de oposição podem estar cometendo um erro ao não comparecer a eventos de lançamento de obras, especialmente quando estão aliados ao presidente Lula. “As respostas positivas à presença em eventos morrem pela ausência dos governadores”, afirma. A presença ou ausência em eventos políticos pode ter um impacto profundo na percepção pública, refletindo diretamente nas menções nas redes e na mídia.
Em suma, o estudo revela não apenas a popularidade e a notoriedade dos governadores, mas também a complexa relação entre suas ações políticas e a forma como são percebidos pela população. Para Tarcísio e seus concorrentes, o caminho até a eleição de 2026 promete ser repleto de desafios, onde a comunicação e a imagem pública podem desempenhar um papel crucial na formação de suas candidaturas.