Em uma entrevista coletiva realizada nesta terça-feira no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou claro seu posicionamento sobre várias questões cruciais do atual cenário político e econômico do Brasil. Entre os principais assuntos abordados, destacam-se o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), as fraudes recentes no INSS e a relação com o Congresso Nacional. Lula aproveitou a ocasião para defender seu governo e sua equipe, incluindo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, além de expressar apoio à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Aceno ao Congresso na crise do IOF
Durante a entrevista, Lula fez questão de ressaltar a importância do diálogo entre o governo e os líderes do Congresso. Ele ressaltou que propostas devem ser discutidas antes de serem enviadas, em um esforço para evitar conflitos e desentendimentos. Em relação ao decreto que aumentou o IOF, que gerou Contestações no legislativo, o presidente afirmou:
— Se aparecer alguém com uma ideia melhor, vamos discutir. Essa discussão que acho que temos que fazer é porque precisamos dar o voto e crédito aos nossos líderes. Ninguém pode ser líder do governo e o governo mandar alguma coisa para lá sem conversar com eles. É uma prática política que temos que aprender.
Lula não hesitou em afirmar seu apoio a Haddad, garantindo que não houve erro por parte do ministro. Segundo o presidente, Haddad agiu apenas “no afã de dar uma resposta logo à sociedade”.
INSS: culpa da gestão anterior
Outro ponto abordado por Lula foi a questão das fraudes no INSS, um tema que tem gerado bastante repercussão. O presidente culpou o governo anterior, de Jair Bolsonaro, pelas irregularidades encontradas, afirmando que o problema é uma herança indesejada:
— Todo mundo sabe que isso é um erro feito no governo passado, possivelmente propositadamente. A gente não está ainda denunciando muito fortemente porque temos que apurar.
Lula mencionou um suposto “afrouxamento de regras” feito na gestão anterior, responsabilizando essa falta de fiscalização pelas fraudes:
— Houve um erro, porque houve um afrouxamento no governo passado das regras. Ou seja, começaram a mandar nomes sem nenhuma fiscalização, sem nenhum critério. Isso acabou, definitivamente acabou.
Expectativas sobre os juros
No que diz respeito à economia, Lula se mostrou esperançoso em relação à redução da taxa de juros. Ele defendeu o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmando acreditar que a Selic, atualmente em 14,75%, será diminuída em breve, já que a inflação está sob controle:
— Temos consciência que a inflação está controlada e começou a cair o preço dos alimentos. E acho que logo, logo, o BC vai tomar a atitude correta de abaixar os juros.
Panos quentes na briga de Marina
Lula também se posicionou sobre a tensão entre a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o Senado, que recentemente aprovou um projeto que facilita o licenciamento ambiental. O presidente minimizou as controvérsias, destacando que a morosidade nas concessões de licenças é um reflexo de falta de especialistas e exigências técnicas:
— Se o Ibama der autorização precipitada, quem vai para cima deles é o Ministério Público.
Ele reforçou sua confiança em Marina Silva, afirmando compreender sua lealdade ao governo e mencionando que não tinha conhecimento do projeto de licenciamento ambiental aprovado pelo Senado.
Resposta aos Estados Unidos
Por fim, Lula abordou a possibilidade de sanções dos Estados Unidos ao ministro Alexandre de Moraes, do STF. Ele defendeu a integridade do Brasil, sublinhando a importância do respeito à soberania dos países:
— Os Estados Unidos têm que entender que respeito à integridade de outros países é muito importante. Nenhum país pode ficar se intrometendo na vida do outro.
Além disso, Lula retornou ao tema das redes sociais e sua regulamentação, criticando mais uma vez a gestão Bolsonaro no que se refere à disseminação de informações prejudiciais:
— Agora, depois de estar se fazendo Justiça neste país, dando a eles o direito de defesa que poucas pessoas tiveram neste país, eles acham que estamos tirando a liberdade de expressão.
A entrevista, portanto, deixou claro o comprometimento do presidente Lula em dialogar com o Congresso e em responsabilizar a administração anterior pelos problemas que afetam o país, ao mesmo tempo em que expressou esperanças de recuperação econômica e confiança em sua equipe.