Brasil, 5 de junho de 2025
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Os desafios da inteligência artificial para o futuro do trabalho

António Valente Andrade fala sobre os impactos da inteligência artificial na organização do trabalho e seus desafios sociais.

Em uma sociedade que caminha para a era digital, a inteligência artificial (IA) se mostra um elemento central nas discussões sobre o futuro do trabalho. Em uma entrevista concedida ao Dia Mundial das Comunicações Sociais, António Valente Andrade, professor da Universidade Católica Portuguesa, revela as implicações dessa revolução tecnológica para a vida profissional e social.

A nova revolução no trabalho

Durante a entrevista, Andrade destacou a importância das reflexões trazidas pelo Papa Leão XIV sobre os desafios que a inteligência artificial impõe à organização do trabalho. “Estamos a vivenciar uma nova revolução que pode impactar profundamente o futuro do emprego”, afirmou o professor. Para ele, a automação já é uma realidade e a IA representa uma nova onda que pode transformar o mercado de trabalho de maneiras que ainda estamos começando a compreender.

A implementação de tecnologias avançadas pode significar um aumento na eficiência, mas também gera incertezas. “Há temores de que profissionais em áreas rotineiras, que necessitam de menos interação humana, sejam dispensados em favor da automação. Contudo, existem também indícios de que novas oportunidades podem surgir, exigindo habilidades técnicas que não são facilmente substituíveis por máquinas”, comenta Andrade.

O futuro do trabalho e a redução do tempo laboral

Em locais como a IBM, a redução de postos de trabalho foi acompanhada pela criação de novas funções que demandam habilidades diferentes, como engenheiros focados na aplicação da inteligência artificial. “Há sinais contraditórios, mas acredito que veremos uma redução no tempo de trabalho. Esse conceito de ‘sociedade pós-trabalho’ já é discutido, assim como a possibilidade da semana de quatro dias, que pode proporcionar mais tempo para a família e o lazer”, mencionou Andrade.

Riscos da tecnologia e desigualdades sociais

Outra preocupação do professor é a acentuação das desigualdades sociais. Andrade aponta que a disparidade no acesso a tecnologias avançadas entre países desenvolvidos e em desenvolvimento pode gerar impactos significativos. “O meta-problema do século XXI pode ser a direção que essas tecnologias nos levam, e a falta de regulação pode acelerar a desigualdade”, ressaltou.

Desinformação e educação na era digital

No Dia Mundial das Comunicações Sociais, Andrade também refletiu sobre os perigos da desinformação exacerbada pelo uso das tecnologias. Ele resaltou a necessidade de preparar os jovens para um mundo em que a manipulação de dados nas redes sociais é uma constante. “Devemos considerar a inteligência artificial em cinco áreas principais: ensino, pesquisa, preparação dos jovens, eficiência administrativa e operacional das escolas”, anotou Andrade.

Além disso, ele destacou a urgência de fomentar um espírito crítico nas escolas, uma vez que a cultura do facilitismo e a dependência excessiva da tecnologia podem resultar em jovens desmotivados, que não se preparam adequadamente para o futuro. “Os alunos devem ser ensinados a discernir informações válidas e a lidar com as variadas fontes disponíveis”, disse.

O papel da Igreja na era da IA

António Valente Andrade enfatizou que a Igreja Católica desempenha um papel importante na discussão sobre ética e as implicações do uso da inteligência artificial. “A integridade humana e a ética em relação às novas tecnologias são aspectos que a Igreja pode abordar, fornecendo uma orientação moral em tempos de rápidas mudanças”, afirmou Andrade.

Desafios da era digital e a consciência social

Por fim, o professor abordou a centralização de dados e a falta de conscientização dos indivíduos sobre como suas informações estão sendo utilizadas por grandes empresas de tecnologia. “Estamos vivendo um fenômeno onde os dados pessoais se tornaram o petróleo do século XXI, e as pessoas muitas vezes não se dão conta do poder que estão concedendo a essas organizações”, argumentou Andrade.

Assim, a conversa traz à tona a necessidade urgente de um debate mais profundo sobre a inteligência artificial, suas promessas e os riscos que acompanha. O professor reforçou que a educação, a ética e a consciência social são fundamentais para navegar nesta nova era e garantir um futuro mais justo e equitativo.

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