O clima na audiência do Supremo Tribunal Federal (STF) foi tenso nesta terça-feira, quando o ministro Alexandre de Moraes confrontou o ex-comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes. A audiência se destinava a investigar eventos relacionados a um possível golpe de Estado. Moraes questionou se Gomes estaria alterando o depoimento que havia fornecido à Polícia Federal no ano anterior.
Audiência revelou contradições
O depoimento de Freire Gomes teve lugar no dia 19 de maio, porém o vídeo só foi liberado pelo STF nesta semana. Durante o seu testemunho, o ex-comandante foi chamado a explicar sua visão sobre as reuniões realizadas pelo ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, no Palácio da Alvorada. Freire Gomes afirmou que não encontrava “conluio” nas ações de Garnier e tentou justificar sua posição durante a audiência.
— O almirante Garnier, acho que ele também foi surpreendido por aquilo tudo ali. Não me lembro dele ter dito que… Ele apenas demonstrou, vamos dizer assim, o respeito ao comandante em chefe das Forças Armadas. Não interpretei como qualquer tipo de conluio — afirmou Freire Gomes, enfatizando sua interpretação dos fatos.
Geralmente, a verdade prevalece
O ministro Moraes não se mostrou satisfeito com a explicação. Ele ressaltou que as testemunhas devem ser completamente honestas durante os depoimentos, advertindo Gomes sobre a gravidade da situação. Moraes disse que a narrativa apresentada por Freire Gomes contradizia o que ele havia declarado anteriormente à Polícia Federal.
— A testemunha não pode omitir o que sabe. Eu vou aqui dar uma chance à testemunha de falar a verdade. Se mentiu na polícia, tem que dizer que mentiu na polícia. Agora não pode, perante o Supremo Tribunal Federal, falar que não entra, que talvez… Comandante, ou o senhor falseou a verdade na polícia ou está falseando a verdade aqui — declarou Moraes, enfatizando a importância da integridade nas declarações diante da Corte.
Retórica delgada e evasiva
Freire Gomes tentou se justificar, ao afirmar que Garnier, em um determinado momento, expressou a intenção de estar a favor do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas que não conseguia inferir o significado dessa declaração. Ele declarou:
— O almirante Garnier tomou essa postura de ficar com o presidente. Apenas a diferença, ministro Alexandre, é que eu não posso inferir o que ele quis dizer com “estar com o presidente”. Foi isso que eu quis dizer. Agora, eu não omiti o dado. Eu sei plenamente que o que eu falei e reafirmo, ele disse que estava com o presidente. Agora, a intenção do que ele quis dizer com isso não me cabe.
Implicações da audiência
A crescente tensão entre as Forças Armadas e o Judiciário brasileiro tem gerado preocupações sobre a estabilidade política no país. Os depoimentos na audiência não apenas ajudam a esclarecer os eventos que cercam a crise política, mas também ressaltam a importância de se manter a transparência e a veracidade nas declarações feitas sob juramento.
O desenrolar do caso continuará a ter repercussões significativas, tanto nas esferas políticas quanto nas sociais, à medida que os brasileiros aguardam uma solução para as instabilidades que têm marcado o cenário político recente. A audiência atual é parte de um processo que poderá moldar os futuros desdobramentos da política brasileira.
Em um momento em que a verdade e a justiça são de extrema importância, o depoimento de Freire Gomes e a postura de Moraes ressaltam a necessidade de responsabilidade e integridade nos depoimentos dados ao STF.
Para assistir ao vídeo da audiência e acompanhar as novidades sobre o caso, clique neste link.