A tarde desta terça-feira (3) foi marcada por agitação e expectativa na frente do presídio Bangu 3, no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. A influenciadora Viviane Noronha, esposa do cantor MC Poze do Rodo, aguardava ansiosamente pela saída do artista, que foi beneficiado por um habeas corpus concedido pela Justiça. Marlon Brendon Coelho Couto, nome verdadeiro do funkeiro, obteve liberdade provisória mediante ao cumprimento de medidas cautelares, após a decisão da Segunda Câmara Criminal.
A prisão e as acusações
MC Poze do Rodo foi preso no dia 29 de maio por agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Sua prisão se deu em sua residência localizada no Recreio dos Bandeirantes, onde vive com a mulher e três filhos. As investigações indicam que o artista é suspeito de apologia ao crime e possível envolvimento com o tráfico de drogas, especificamente com a facção Comando Vermelho. A polícia relatou que, além das acusações de apologia, ele é investigado por lavagem de dinheiro proveniente do tráfico.
A DRE afirmou que os shows de Poze ocorrem frequentemente em áreas dominadas pela facção, com a presença armada de traficantes, o que levanta preocupações sobre o uso de sua música para promover e financiar atividades criminosas.
Liberdade provisória e medidas cautelares
Após a decisão do desembargador Peterson Barroso, o cantor aguardava a assinatura do alvará de soltura. A decisão judicial destacou que a prisão não se sustentava, pois não havia prova de que a sua permanência encarcerada era imprescindível para a investigação. A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) precisou adotar medidas de segurança ao conter a multidão que se aglomerava na porta do presídio.
Entre as medidas cautelares estabelecidas para a liberdade de Poze estão:
- Comparecimento mensal em juízo para justificar suas atividades;
- Proibição de ausentar-se da comarca durante a análise do habeas corpus;
- Manter contato imediato com a Justiça;
- Proibição de mudar de endereço sem notificar o Juízo;
- Proibição de se comunicar com outras pessoas envolvidas no inquérito;
- Entrega de seu passaporte à Justiça.
Expectativa e apoio dos fãs
Fãs do MC aproveitaram a ocasião para se reunir em frente ao presídio e apoiar o artista. Alguns presentes até levaram alimentos para montar uma cesta básica como forma de demonstrar carinho à figura pública. A atmosfera era de celebração entre os que jacceam por sua libertação.
Como consequência da sua prisão e das acusações que pesam sobre ele, a imagem pública de Poze do Rodo foi impactada. Ele é uma figura controversa, com defensores que argumentam que sua música é uma forma de expressão artística, e críticos que o veem como um promotor da violência e do crime. O advogado do cantor, Fernando Henrique Cardoso, apontou que existe uma narrativa comum de perseguição a certos gêneros musicais no Brasil, citando a própria história do samba, que também enfrentou criminalização.
As próximas etapas
Apesar de ter sido solto, o cantor ainda tem um longo caminho pela frente. As investigações da DRE continuam e outros artistas também estão sendo analisados por supostas ligações com o tráfico. O caso de Poze do Rodo é emblemático, não apenas pela sua relevância no cenário musical brasileiro, mas também pelo debate mais amplo sobre a relação entre música, crime, e liberdade de expressão.
Com a decisão recente, a comunidade e admiradores do funk aguardam ansiosamente os desdobramentos da situação de MC Poze do Rodo, que continua sob vigilância da Justiça e enfrentando questões legais que podem impactar sua carreira e sua vida pessoal.
Este caso reflete não apenas a complexidade do sistema de justiça brasileiro, mas também levanta questões sobre a marginalização e os desafios enfrentados por artistas que surgem de contextos sociais conflitantes.