Nos últimos dias, o cenário envolvendo o cantor Marlon Brendon Coelho, conhecido como MC Poze do Rodo, e sua esposa, Viviane Noronha, tornou-se cada vez mais preocupante. Acusações de envolvimento com o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro têm atraído a atenção da Polícia Civil do Rio de Janeiro, que intensificou as investigações com a realização de operações em diversos endereços no estado e em São Paulo.
A prisão e as acusações contra MC Poze do Rodo
Na quinta-feira, dia 29, Poze do Rodo foi detido por apologia ao crime e suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas. No entanto, a situação tomou um novo rumo na segunda-feira, dia 2, quando a Justiça decidiu soltá-lo, embora, até o momento da última atualização desta reportagem, ele ainda estivesse sob custódia.
A prisão de Poze foi parte de um esforço mais amplo para desmantelar a influência do Comando Vermelho na música e na cultura popular. O secretário estadual de Polícia Civil, delegado Felipe Curi, afirmou que o artista utiliza sua música como uma ferramenta para disseminar a “ideologia e a narcocultura” da facção criminosa.
O desembargador Peterson Simões, responsável pela decisão de soltura do cantor, criticou a abordagem da polícia ao afirmar que houve indícios de irregularidades no procedimento de prisão. O magistrado destacou a necessidade de se concentrar na captura dos líderes do tráfico, e não em indivíduos que possam ser considerados alvos mais fracos.
Viviane Noronha e a suspeita de lavagem de dinheiro
Enquanto Poze enfrentava acusações, sua esposa, Vivi Noronha, não escapou do escrutínio da polícia. Ela é investigada por suspeitas de lavagem de dinheiro, com investimentos de quase R$ 1 milhão sendo direcionados a suas contas pessoais e empresariais, oriundos de supostos laranjas associados ao traficante Fhillip da Silva Gregório, conhecido como Professor.
As investigações revelaram que Vivi recebeu transferências de R$ 858 mil para sua empresa e R$ 40 mil para sua conta pessoal. Segundo a polícia, esses valores seriam provenientes do tráfico e de operações de lavagem de dinheiro ligadas ao Comando Vermelho, e sua empresa seria um ponto central nas investigações.
A complexidade do esquema do Comando Vermelho
O esquema de lavagem de dinheiro, segundo a Polícia Civil, movimentou impressionantes R$ 250 milhões. O traficante Fhillip Gregório, associado ao Comando Vermelho e que foi morto recentemente, tinha um sistema sofisticado que incluía uma rede de laranjas e empresas de fachada.
A morte de Professor no Complexo do Alemão, ocorrida no dia 1º de junho, foi entendida pela polícia como um fator que não prejudicaria as investigações em andamento. Ele era uma figura chave no esquema, tendo estruturado operações destinadas a dar aparência de legalidade ao dinheiro proveniente do narcotráfico.
Repercussões e a influência cultural
O caso de MC Poze do Rodo e Viviane Noronha destaca uma preocupação crescente sobre a influência de artistas que, direta ou indiretamente, podem auxiliar a disseminação da cultura do tráfico através de suas músicas e redes sociais.
A polícia anunciou que continua a investigar e coletar evidências, com o apoio do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que identificou transações suspeitas. A conexão entre cultura pop e crime organizado é um tema que está sendo cada vez mais discutido em meio à crescente militarização do combate ao tráfico no Brasil.
O desenrolar deste caso permanece sob vigilância e poderá ter sérias implicações tanto para os envolvidos quanto para a natureza da influência cultural que os artistas exercem sobre a sociedade e a juventude.
Como a situação se desenvolve, a sociedade brasileira observará atentamente como as instituições legais buscarão lidar com as complexidades que envolvem artistas e suas interações com o crime organizado.
