O presidente Lula está na França nesta semana para uma visita de Estado que tem como prioridade discutir o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, fechado em dezembro de 2024. Lula pretende aproveitar a oportunidade para sensibilizar o presidente Emmanuel Macron a aprovar o tratado, diante das resistências internas na França.
Diplomacia e desafios políticos na negociação do acordo
Auxiliares do governo apontam que Lula tentará contornar as maiores resistências francesas, que incluem a taxação de produtos europeus pelos Estados Unidos e a pressão de agricultores locais contrários a uma redução de subsídios e barreiras comerciais na UE. Segundo fontes diplomáticas, o tema será discutido em encontros bilaterais entre os dois presidentes.
“Nesse novo contexto geopolítico, pretendemos explorar essa possível condição favorável”, afirmou Flavio Goldman, diretor do Departamento de Europa do Itamaraty, reforçando a estratégia do Brasil de colocar o acordo em uma agenda de interesses globais.
Implicações internas e o marco ambiental
Outro fator que pode impactar a análise de Macron é a aprovação pelo Senado brasileiro em maio de um novo marco de licenciamento ambiental, criticado por ambientalistas, incluindo a ministra Marina Silva. Esses aspectos elevam a complexidade do diálogo na questão ambiental e comercial.
Lucas Ferraz, coordenador do Centro de Estudos de Negócios Globais da FGV, destaca que a diversificação de acordos comerciais pela UE, impulsionada pelas turbulências no comércio global, reforça a importância de avançar na negociação com o Brasil.
Perspectivas e impacto na relação internacional
Durante a visita, Lula também deve abordar temas relacionados ao aquecimento global, criticando a nova lei antidesmatamento da UE, e reforçar a defesa do multilateralismo. Além disso, deverá argumentar que o acordo ajudará a ampliar exportações brasileiras, especialmente no setor agrícola, e fortalecerá a relação entre os blocos.
Analistas advertem, porém, que a resistência de setores tradicionais e conservadores na Europa e na França pode dificultar a ratificação do tratado. Carolina Pavesi, professora da London School of Economics, pontua que há uma fragilidade política a ser enfrentada no cenário europeu, especialmente na sociedade civil e no setor agrícola.
Próximos passos e agenda internacional
Além da visita presidencial, o Brasil participará de eventos internacionais, como a 3ª Conferência das Nações Unidas para os Oceanos, em Nice, e um fórum de economia azul em Mônaco. Além disso, Lula irá ao Parlamento Europeu, onde busca ampliar apoio à causa do tratado.
A assinatura de diversos acordos em áreas como clima, educação, saúde e ciência também está prevista, reforçando a intensificação da parceria multilateral promovida pelo governo brasileiro.
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