Brasil, 5 de junho de 2025
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Lucros das operadoras de planos de saúde sobem mais de 100% no primeiro trimestre

Apesar de alegações de crise, setor de planos de saúde apresentou lucro de R$ 6,9 bilhões no início do ano, aponta a ANS

Os números do primeiro trimestre das operadoras de planos de saúde desafiam a narrativa de crise setorial. Segundo dados divulgados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), os lucros dessas empresas mais do que dobraram, atingindo R$ 6,9 bilhões, em comparação com R$ 3,1 bilhões no mesmo período do ano passado.

Resultado financeiro forte contradiz argumentos de crise

O relatório da ANS mostra que o lucro operacional, que exclui ganhos financeiros, também cresceu significativamente — chegando a R$ 4,4 bilhões, ante R$ 1,87 bilhões no primeiro trimestre de 2023. Ao incluir os lucros do setor de planos odontológicos e administradoras de benefícios, o setor totalizou um lucro de R$ 7,1 bilhões no período.

Custos judiciais representam apenas 1,23% das receitas

Os custos das operadoras relacionados à judicialização, encerrados em março, totalizaram R$ 3,8 bilhões, equivalentes a 1,23% da receita de mensalidades. Essa informação, divulgada pela primeira vez pela ANS, revela que 62,4% das ações judiciais são referentes ao descumprimento de contratos. Dados enviados pelas próprias empresas desmontam a alegação de que processos judiciais colocariam em risco a sustentabilidade do setor.

Segundo a nota publicada pela Comissão de Direito Médico e de Saúde da OAB SP, essa narrativa não condiz com a realidade. “A situação é bem diferente ao denunciar o descumprimento sistemático de decisões judiciais por operadoras”, aponta o documento.

Setor em melhora geral e caixa robusto

“Tudo está melhorando: resultado operacional, financeiro e lucro líquido. Os dados não indicam nenhuma crise setorial”, afirmou Jorge Aquino, diretor de normas e habilitação das operadoras da ANS. Ele acrescenta que o setor mantém R$ 128 bilhões em caixa, sendo 50% em recursos livres de exigência da agência, o que reforça a saúde financeira das empresas.

Investimentos em prevenção e relação com sinistralidade

O setor tem investido menos em cuidados de prevenção, com exceção das pequenas operadoras, que usam essa estratégia para cortar custos, segundo o relatório. Além disso, a sinistralidade — relação entre despesas com assistência e receitas de mensalidades — voltou a níveis pré-pandemia, chegando a 74,4% entre as grandes operadoras. As operadoras de autogestão, por sua vez, registraram a pior situação, com uma sinistralidade de 93,3%, refletindo o envelhecimento da clientela.

Reajustes e possíveis estratégias de restrição de acesso

A redução na sinistralidade é atribuída aos reajustes de preços mais altos anunciados nos últimos dois anos. No entanto, crescem as reclamações do setor à ANS e os dados sobre despesas judiciais, o que levanta a hipótese de estratégias para dificultar o acesso à assistência e melhorar os resultados financeiros, avalia Aquino. Ele pondera que, embora seja um raciocínio a considerar, não acredita que as operadoras estejam negando procedimentos de forma deliberada, apontando questões de gestão.

Perspectivas e discussões sobre modelos de planos populares

A ANS prepara uma nova câmara técnica para discutir um modelo de planos de saúde com cobertura focada em exames e consultas, como parte de iniciativas de ampliar o acesso ao setor. Ainda, a atuação da OAB-SP aponta o aumento de notificações de irregularidades e descumprimento de decisões judiciais, evidenciando o crescimento das queixas relacionadas às operadoras.

Para mais detalhes, consulte o relatório completo divulgado pela ANS neste link.

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