A história de Charlotte Alice Peet, uma jornalista britânica de 33 anos, angustiou amigos e familiares após seu desaparecimento em fevereiro deste ano. Depois de três meses de incertezas e buscas, a jovem foi encontrada em um hotel no bairro dos Jardins, em São Paulo, nesta segunda-feira (2). A Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) informou que a jornalista não demonstrou interesse em manter contato com sua família ou retornar ao seu país de origem.
O desaparecimento e a busca por Charlotte
Charlotte chegou ao Brasil em novembro de 2024 e, desde então, vinha se envolvendo em diversas reportagens sobre temas relevantes, como violência policial e a crise de abastecimento de oxigênio durante a pandemia. Seu desaparecimento se tornou notícia após uma mensagem enviada a uma amiga no dia 8 de fevereiro, quando ela informou que estava em São Paulo e precisava de ajuda para encontrar um local para se hospedar.
Com a falta de notícias e sem contato com a amiga, esta decidiu registrar seu desaparecimento na Delegacia de Atendimento ao Turista do Rio de Janeiro no dia 17 de fevereiro. A partir daí, as investigações foram intensificadas, e a Polícia de São Paulo foi acionada, já que foi o último local onde Charlotte disse estar.
A complexa trajetória de Charlotte no Brasil
Entre os dias 17 e 24 de fevereiro, imagens de câmeras de segurança flagraram Charlotte em um hostel no Morro da Babilônia, no Rio de Janeiro. A polícia conduziu uma investigação com o apoio do Consulado Britânico e da Scotland Yard, e os dados indicavam que ela havia embarcado no Terminal Rodoviário do Tietê, em São Paulo, com destino ao Rio de Janeiro.
Uma busca sem pistas
Após sua chegada ao Rio, Charlotte foi vista em vários locais na Zona Sul, incluindo bares em Copacabana e no Leme. Contudo, ao ser localizada pela polícia, deixou claro que não desejava manter contato com a família. A delegada Ellen Souto mencionou que a DDPA continuou monitorando seus passos e, através de “trabalho de inteligência”, conseguiu rastrear sua localização.
A confirmação do paradeiro de Charlotte
No dia 2 de junho, a polícia confirmou que Charlotte foi encontrada em um hotel nos Jardins, uma das áreas mais nobres de São Paulo. Durante o processo, a equipe usou dados telemáticos e telefônicos para determinar seus movimentos na cidade. A presença de Charlotte em estabelecimentos comerciais também foi acompanhada até que se chegasse ao hotel onde estava hospedada.
De acordo com a delegada Ellen Souto, a decisão de arquivar o caso se deu pelo fato de não haver indícios de crime, e a jornalista demonstrou vontade de permanecer no Brasil: “Como não tem crime, o caso foi resolvido [arquivado]”, disse ela.
Impacto da história de Charlotte na mídia e no público
O desaparecimento de Charlotte Alice Peet trouxe à tona discussões sobre a segurança de jornalistas estrangeiros no Brasil, especialmente em tempos em que a violência e a desinformação parecem aumentadas. Com experiências na cobertura de temas delicados, a história de Charlotte também é um lembrete sobre os riscos enfrentados por profissionais que buscam reportar a verdade.
Charlotte, que já trabalhou com veículos renomados como Al Jazeera e The Times, agora levanta questões sobre seu futuro e seus objetivos pessoais no Brasil. O fato de não querer retornar ao Reino Unido pode indicar uma busca por novas experiências ou um desejo de se distanciar de um passado instigante, mas complexo.
A repercussão do caso, tanto nas redes sociais quanto na mídia tradicional, ilustra como a vida de uma única pessoa pode conectar-se a preocupações maiores sobre saúde mental, segurança e direitos humanos. Para os amigos e familiares que acompanharam o caso de perto, a notícia de que Charlotte estava bem, mas distante, pode trazer alívio e uma nova forma de lidar com seu desaparecimento.
O desfecho do caso de Charlotte Alice Peet nos lembrou da complexidade da vida moderna e as múltiplas razões que podem levar uma pessoa a optar por se afastar do convívio familiar e social. O arquivamento do inquérito pode encerrar um capítulo, mas a jornada de Charlotte no Brasil e seu impacto na mídia e na sociedade permanece aberto para debate.
