O governo federal decidiu postergar o anúncio oficial de uma nova proposta sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A medida visa evitar a revogação do decreto que elevou o imposto, enquanto negocia com o Congresso uma solução responsável e sustentável para a questão.
Negociações entre Executivo e Congresso avançam
Após reunião nesta terça-feira (3) com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, alinhou com líderes do Legislativo, como os presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, uma estratégia de diálogo antes de divulgar publicamente uma solução definitiva.
Diálogo prévio com lideranças parlamentares
Haddad afirmou que a nova medida será compartilhada primeiramente com as lideranças partidárias no Congresso, garantindo que esta seja uma solução sólida, responsável e que possa angariar apoio político. “A resposta foi construída ao presidente da República na presença dos presidentes da Câmara e do Senado. Agora, o próximo passo é submeter essa solução aos líderes”, destacou.
Ele reforçou que o governo mantém a intenção de aprovar parte das medidas necessárias por meio do Parlamento, permitindo a revisão do decreto que elevou o IOF. “Estamos agindo com cautela porque precisamos dos votos do Congresso e eles precisam estar convencidos da responsabilidade da proposta”, explicou Haddad.
Medida temporária e foco na responsabilidade fiscal
O ministro defendeu a elevação temporária do IOF, reiterando sua necessidade para o equilíbrio das contas públicas. Haddad afirmou que a atual estratégia busca preservar a estabilidade econômica enquanto trabalham em soluções de longo prazo.
“Sabemos o que precisa ser feito, mas a decisão política depende de uma convergência de esforços”, afirmou. Ele destacou ainda que soluções estruturais, que promovam mudanças duradouras, são o caminho preferido pelo governo e pelo Congresso, reforçando o compromisso com a responsabilidade fiscal a longo prazo.
Reforma e consenso político
Alcolumbre destacou a importância de inserir o debate do IOF em uma agenda mais ampla de reformas estruturais, reforçando que “não podemos simplesmente revogar o decreto sem discutir uma estratégia de país”.
Motta elogiou a abertura ao diálogo, incluindo a participação da oposição, e afirmou que a prioridade é buscar medidas que garantam o equilíbrio fiscal de forma permanente, minimizando riscos de instabilidade no mercado financeiro.
Próximos passos na estratégia do governo
Segundo Haddad, a equipe econômica deve apresentar a nova proposta ao Congresso na próxima semana. A estratégia é engendrar uma solução que compatibilize responsabilidade fiscal, apoio político e estabilidade econômico-financeira.
A decisão de adiar o anúncio oficial demonstra o esforço do governo em alcançar um consenso que permita a manutenção das contas públicas sem prejudicar a relação com o Legislativo nem a confiança do mercado.