A escolha do desembargador Carlos Brandão para uma das vagas no Superior Tribunal de Justiça (STJ), anunciada pelo presidente Lula na última terça-feira (27), impactou as articulações políticas em Alagoas, especialmente na relação entre o prefeito de Maceió, JHC (PL), e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). JHC, que apoiava a promotora Marluce Caldas — tia dele — para a vaga, viu suas expectativas frustradas com a nomeação de Brandão pelo governo federal.
Alianças políticas e disputa pelo STJ
Segundo interlocutores, JHC esperava que Arthur Lira apoiasse a candidatura de Marluce Caldas ao STJ, porém, essa articulação não ocorreu. Marluce ainda disputa a segunda vaga, ao lado de Sammy Barbosa, do Acre, nomeado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). Com aceitação entre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Sammy Barbosa representa forte concorrência na disputa.
Fim da parceria entre JHC e Lira
A ausência de apoio à tia de JHC foi o estopim para o rompimento político entre o prefeito e Lira, que já vinham se distanciando devido à disputa pelo Senado em 2026. Antes havia um acordo: JHC concorreria ao governo de Alagoas, enquanto Lira disputaria ao Senado. Com o fim do pacto, o tabuleiro político alagoano, tradicionalmente dividido entre as famílias Calheiros e Lira, passa por uma nova movimentação, refletindo interesses e alianças diversos.
Movimentações do lado dos Calheiros
Do lado dos aliados dos Calheiros, o senador Renan e o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), intensificaram esforços para atrair JHC e reforçar a candidatura de Marluce. O argumento político aposta na força de JHC, que governa Maceió com mais de 83% dos votos, além de ser a única capital do Nordeste governada por uma oposição.
Sinalizações ao governo Lula
JHC avalia migrar para o PSB, partido que faz parte da base do presidente Lula. Ele participou de reunião com o presidente do partido, João Campos, e com Lula, colocando-se à disposição para apoiar o mandatário nas eleições de 2026. A filiação ao PSB deveria fortalecer o palanque de Lula em Alagoas e ainda garantir mais um voto favorável no Senado, proveniente de Eudócia Caldas, mãe de JHC e atual suplente do senador Rodrigo Cunha.
Além disso, Eudócia foi a única senador do PL que não assinou o pedido de CPI do INSS, sinalizando alinhamento político com a estratégia de JHC. Com esses movimentos, Renan Filho também buscaria espaço para disputar novamente o governo estadual, sem enfrentar diretamente JHC, enquanto a disputa pelo Senado envolveria nomes como Renan Calheiros, Arthur Lira e possivelmente JHC.
Reação de Lira e cenário de pressão
Chefes de interlocutores de JHC afirmam que Lira, incomodado com as articulações, passou a usar sua influência como relator do projeto do Imposto de Renda para pressionar o governo federal a barrar a nomeação de Marluce Caldas. A relação entre os dois se agravou após o fim do pacto político e a disputa pela influência estadual.
Perspectivas futuras na política de Alagoas
Em novembro, Lula declarou que sua chapa para o Senado em Alagoas seria formada por Renan Calheiros e Arthur Lira, fortalecendo o cenário de polarização. A expectativa é que o presidente defina a segunda vaga no STJ após sua viagem internacional, o que pode redefinir ainda mais as alianças políticas na região.
Esse cenário evidencia a complexidade da política alagoana, marcada por disputas de poder, alianças variáveis e interesses nacionais influenciando diretamente os rumos estaduais.
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